Eu comecei e recomecei esse texto várias vezes. Fazia tempo que não escrevia algo, pois minha vontade de expor o que sinto era nula. Talvez um certo receio de me mostrar fraco ou frágil, mas uma coisa que o senhor me ensinou foi sempre fazer as coisas com o coração e com vontade.
Lembro-me dos finais de manhã de Domingos onde íamos juntos comprar esfihas para a família. Eram as melhores horas da semana, pois sempre eram recheadas de histórias da sua infância que me faziam rir durante o dia todo. Todos sabiam que o seu temperamento emburrado era apenas uma "crosta" que guardava um homem carinhoso, preocupado com a família e muito bondoso.
Quantas vezes o senhor não fez a família inteira rir com suas frases? Vô, o senhor não era só um líder, um pai de família ou um simples vovô. O senhor era o Jidão! Com os melhores conselhos e em poucas palavras. Mesmo falando baixo, todos paravam o que estavam fazendo para escutá-lo. Palavras de ouro! Um exemplo, um grande amigo. Todos sabíamos que se quiséssemos ter alguns minutos de aula sobre a vida, era só ir no final de tarde na padaria para um cafezinho com o senhor. E que aulas....Não importava o problema que tínhamos, a gravidade ou a complicação, o senhor sempre teve as palavras certas que nos acalmavam e nos mostravam a direção correta do que devíamos fazer.
Esse "turquinho" que todos brincavam dizendo que não prestava, na verdade era o que mais prestava! Sempre muito fiel a família e a todos a sua volta. Construiu mais do que um império, o senhor construiu uma linda família onde todos são orgulhosos de dizer que tiveram Assib Bludeni em suas vidas.
Nunca ouvi nenhuma história tão apaixonante como a do senhor detalhando como conheceu e se apaixonou pela minha avó. Guardarei com carinho também suas histórias de sua adolescência no antigo Centro de São Paulo e como construiu a nossa família.
Levarei comigo cada segundo que passei com o senhor. Desde e os cotidianos momentos que vinha da cozinha com um copo de café frio ( o seu favorito) até o dia que lhe vi emocionado em sua festa de Bodas de Ouro. Todos nós teremos um pouquinho do Assib dentro de nós, seja nas gírias inventadas como "chapichinado" e "london shur", nas imitações que fazíamos de você e no grande exemplo de homem que o senhor foi para todos nós.
Infelizmente estou longe e não pude te dar um abraço e um beijo de tchau. Mas não se preocupe jido, você nunca vai estar longe de mim. Jamais! A última vez que consegui conversar com você direitinho, o senhor disse "Não vejo a hora de te ver em Fevereiro...". Não se preocupe vô. O senhor nunca me deixou em nenhum momento.
Hoje não estou te dando adeus, estou te dando um até logo. Seus passos serão meu exemplo e minha homenagem ao senhor. Quem sabe, um dia, consiga pelo menos ser metade do grande homem que o senhor foi.
Mesmo agora o senhor nos deu outro ensinamento, mostrando que a família é mais importante do que tudo. Essa sempre será a maior lição que levarei junto a mim. Em resposta ao seu famoso cumprimento pra mim (Andrézão, meu amigo!) eu te respondo com outra frase típica sua.... "Estamos aí! Esse é o buchicho de hoje."
Obrigado por tudo Jido.
Local onde o meu Morador irá trabalhar, brincar, discutir, reclamar, chorar, amar, esnobar, falar, postar e por fim viver.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
segunda-feira, 11 de julho de 2016
Uma critica a sociedade que não usa espelho II
Gosto muito de pensar nas coisas
da vida, juntamente com as minhas reações e as reações alheias em cada situação
do dia-a-dia. Estive pensando recentemente em um caso que aconteceu comigo há
alguns anos, mas que ainda me gera reflexão.
Era umas 17h da tarde de um
sábado e uma amiga me liga fazendo um convite para ir pra casa dela. O motivo?
Havia alguns amigos dela e a ideia era beber umas cervejas (alguns deles eu
conhecia e outros não). Como morava perto, não me demorei a chegar lá.
Chegando, lembro-me que na casa
dela tinham em torno de cinco pessoas ( duas conhecidas), além da minha amiga. O
caso foi com outra pessoa que estava lá, um cara que eu não conhecia, mas era
muito gente fina. O tipo desses caras que se da bem como todo mundo, conversa
de tudo numa boa. Negro, mais ou menos 175cm de altura, magro, dread’s,
baterista de uma banda de reggae.
Basicamente tudo que se precisa
pra se sofrer preconceito pela “sociedade”, mas vamos ao caso que me gera
reflexão até hoje:
Uma certa hora da noite, acabou a
cerveja, logo alguém tinha que sair para comprar e isso caiu justamente para
mim e para o rapaz em questão, a gente foi e aproveitou pra ir jogando papo
fora no caminho. Em uma certa altura da conversa ele me fala o seguinte:
- Cara, veja como as coisas são:
O preconceito não parte apenas de um lado, ele parte de todos, eu por exemplo sou
“rasta”, uso dread’s, fumo maconha, curto um reggae e sou preconceituoso! Quando
a menina disse que o amigo dela (você) ia vir e que você era uma cara legal,
comecei logo a imaginar que você era um cara chato e outras coisas, logo eu já
criei um PREconceito seu....
Agora paremos para pensar, pare
para analisar o seguinte:
QUEM NESSE MUNDO NÃO É
PRECONCEITUOSO?
Todos nós somos, todos criamos um
conceito já de cara sobre alguém e normalmente esse conceito que criamos é
negativo.
Todo preto é ladrão...
Todo branco é playboy...
Todo rico é metido...
Todo nordestino é burro...
E por ai vamos criando esses
conceitos, vamos tachando as pessoas sem conhece-las realmente, sem saber quem
realmente são e sem dar a oportunidade disso.
As vezes são pessoas maravilhosas, com historias lindas, com uma boa
risada...
E agora fica a dica do “Tiu Viny”:
Deem a si mesmo a oportunidade de conhecer novas pessoas, pessoas de ambientes
diferentes dos seus, de vibes
diferentes da sua, conheçam algo novo, isso vai te ajudar a abrir sua mente e
diminuir esse PRECONCEITO que todos temos.
Obrigado.
Viny Uchôa
terça-feira, 28 de junho de 2016
BREXIT: Uma análise necessária
O povo britânico votou, nesta quinta-feira (23), pela saída do Reino Unido da União Europeia. O BREXIT, termo utilizado para denominar o British Exit - que pode ser traduzido como: Saída Britânica - ganhou repercussão mundial por ser aquela uma das nações mais importantes para a sobrevivência do bloco econômico. Sua entrada no grupo data do ano de 1973, e desde então participa ativamente da agenda internacional proposta pelos órgãos da U.E.
Porém, os ventos mudaram. O processo de saída, ainda que não seja definitivo (podendo ser revertido pelo Parlamento) é tido como certo, já que os representantes não irão tomar decisões contra a opinião exarada pelo povo.
E é exatamente essa a questão mais necessária a ser a analisada: o povo. Para entender a soberania da decisão tomada lá, são necessários dois pressupostos, quais sejam: o grande crescimento migrações ao Reino Unido, que, fazendo parte da União Europeia, deixa suas fronteiras abertas; e os recentes ataques terroristas que vêm assolando o continente europeu.
Feitas essas considerações, aprofundemos um pouco mais o assunto.
Calcula-se que o Reino Unido tenha recebido 300 mil cidadãos estrangeiros a mais do que saíram, somente no período entre março de 2014 e março de 2015 (BBC). Esses números, certamente, só tendem a crescer. Pelo menos até a definitiva saída do país do bloco europeu.
O aumento está fortemente ligado com a crise econômica enfrentada por países como Grécia, Espanha, Portugal e países do leste europeu, que veem seus nacionais partindo em busca de novas oportunidades.
Assim, O Reino Unido se tornou um país atrativo. A economia forte, em crescimento, as boas condições de vida e o alto desenvolvimento econômico, aliados com a facilidade de ingresso de imigrantes serviu como imã para esses cidadãos em busca de uma vida melhor.
Nesse mesmo sentido, a crise política nos países do Oriente e o avanço do Estado Islâmico empurraram milhares, senão milhões de pessoas para o território europeu. Esses migrantes, carentes do auxílio internacional, enfrentam graves dificuldades em se firmar e começar uma nova vida. Muitos europeus entendem que não há mais espaço para migrantes, diante de um continente saturado, onde as oportunidades cada vez mais se reduzem.
No mais, o que serviu de tempero para esse caldeirão são os ataques terroristas financiados pelo Estado Islâmico que vêm ocorrendo, repetitivamente, no continente europeu. Sabe-se que ações terroristas, como as vivenciadas em Paris e Bruxelas, são extremamente difíceis de se prever. Um dos motivos para isso é que as fronteiras estão – ou estavam – cada vez mais abertas aos imigrantes do mundo inteiro e os países do Euro enfrentam um grande dilema perante os órgãos internacionais de proteção aos Direitos Humanos, sobretudo os que atuam nos direitos dos refugiados.
Veja que esses atos despertam um forte sentimento de aversão à população islâmica e árabe de um modo geral, que se veem injustiçadas pelos atos de uma minoria radical, que prega o ódio como forma de difundir sua aversão aos pensamentos ocidentais.
Mas, enfim, a pergunta que se faz é: O que se esconde por trás da decisão tomada pelo povo britânico?
Simples. O que se demonstrou acima serviu como combustível para o desenvolvimento do pensamento nacionalista nos países europeus. Políticos da extrema direita vêm ganhando força eleitoral, uma vez que exprimem um sentimento de aversão aos estrangeiros e empoderamento da população nacional perante eles. Exatamente, esse mesmo pensamento que, outrora distorcido, serviu como base para a Alemanha justificar as práticas de genocídio e xenofobia. Entenda: não se diz aqui que os britânicos estejam na mesma condição que os alemães estavam na década de 1930, mas sim, observa-se hoje na Europa, sobretudo nos países com maior desenvolvimento econômico, um forte crescimento de partidos políticos e ideais nacionalistas.
Nacionalismo esse que impõe aos cidadãos de um Estado o sentimento de aproximação e identificação. De comunhão entre os cidadãos de um país. Quer-se, com isso, o crescimento de um certo sentimento de se pertencer a uma cultura, uma região, uma língua. O que, consequentemente, gera a repulsa daqueles que não integram esse determinado Estado.
Esse pensamento vai totalmente de encontro com o que prega a União Europeia, que é o ideal de liberdade entre os países, uma ideia de comunidade global, que, se exitosa, serviria de exemplo para o mundo todo. Sabe-se agora que a ideia não está funcionando, pelo menos segundo a visão do seu próprio povo. O Reino Unido foi a primeira nação a dar ao povo a opção de ficar ou sair.
Quero concluir essa tese tecendo breves considerações sobre o futuro do bloco europeu e seus reflexos para o mundo:
Em primeiro lugar, a saída do Reino Unido serve como uma espécie de blindagem que o povo britânico - cada vez mais revestido pelo pensamento nacionalista, fortemente influenciado pelos políticos britânicos, pelo sentimento de aversão aos imigrantes e pelo medo de ataques terroristas - entende ser necessária para proteger os seus próprios interesses e dos seus nacionais, como demonstração do ideal nacionalista que lá surge.
Por fim, a decisão das urnas no Reino Unido servirá como precedente para que políticos de extrema direita se valham do mesmo artifício para incentivar o governo a consultar a população sobre se querem ou não permanecer no bloco. Já é o que pretende Marine Le Pen, política francesa da extrema direita, que já concorreu às eleições presidenciais e está ganhando destaque pelo seu pensamento antimigratório, principalmente diante do recente ataque à capital da França. Com isso, perdem todos: os países, os cidadãos, o mundo de modo geral e, sobretudo aqueles em condição de vulnerabilidade – principalmente os refugiados políticos – que encontrarão cada vez mais um sentimento de antipatia do povo que poderia recebê-los na difícil condição em que se encontram.
No atual cenário europeu, onde políticos e o povo se inclinam cada vez mais à direita e ao pensamento ultranacionalista, ninguém sabe dizer qual será o futuro da Europa. Espera-se, tão somente, que seus cidadãos saibam olhar para a própria História e evitem cometer os mesmos erros que cometeram no passado.
Arthur Chahda
quinta-feira, 12 de maio de 2016
Brasil precisa de um Batman!
Caos! Para mim não é a melhor palavra para descrever o estado que o país se encontra.
Diante de tamanhos escândalos políticos, de corrupção, quebra econômica e indignação dos cidadãos brasileiros, o país se afundou em um profundo abismo negro que revolta e violência são os protagonistas da cena.
Mesmo concordando com o impeachment da Presidente Dilma, não é essa a luz no fim do túnel, muito menos vejo o novo Presidente em exercício, Michel Temer o salvador dos oprimidos, mesmo achando, de forma rude, ele como um "mal necessário".
Muitos dizem que agora o povo clamou o "basta!" e que a população acordou, mas ainda creio que estamos cegos, guiados por um rancor interno que se resulta e reflete em discursos de ódios e expressões sem fundamento política e/ou histórico. Seja de esquerda ou direita!
Agora, qual será a solução já que vejo esse país no fim do poço?
Bem, como um amante de quadrinhos, foi inevitável fazer a analogia ao super-herói mais famoso do mundo e suas histórias: Batman!
Muito bem representado nas obras cinematográficas de Christopher Nolan, Batman é o herói que precisamos, não que merecemos.
Diferentemente de Superman que a caracterização do homem/Deus perfeito, o Homem Morcego é um ser humano sem super poderes que se sacrifica pelo bem maior da sociedade.
Mascarado, ele é uma ideia e não um herói único. Batman é a representação de um ideal de luta por mudanças. Essas que podem vir de qualquer um, sendo ele apenas um empurrão para a sociedade acordar e emergir da escuridão que o transformou em quem ele é, o Cavaleiro das Trevas.
Ora, e não é isso que somos? Pessoas moldadas pelas trevas que o país está? Logo necessitamos de um ideal, sem face, que lute pela mudança e o fim deste mal pela raiz, custe o que custa.
Somos, que nem Bruce Wayne, órfãos traumatizados pela perda de nossas inspirações (leia-se pais, nos quadrinhos), com falta de amparo e atenção.
Batman, nada mais é, que a superação, nos moldes apresentados, de uma luta de ideias para um bem maior.
Aqui concluo que o Brasil precisa de um Batman. Uma pessoa que ainda não fora apresentado pra sociedade, que não mostre a face, apenas lute pelo bem de todos, mesmo que seja julgado por muitos como um vilão, pois ele conseguirá suportar. Um vigilante, mas que seja um atento guardião! Um Cavaleiro das Trevas na República do Brasil
André Bludeni
André Bludeni
quinta-feira, 28 de abril de 2016
Criticando Cinema: Capitão América - Guerra Civil
Para os leitores de
quadrinhos, sempre as melhores edições e sagas que lançavam, eram aquelas em
que nossos super-heróis favoritos se encontravam dentro de uma trama e brigavam
pelos motivos mais torpes que pudessem existir. A sensação de apostar em um herói
era mesma que ver algum clássico de jogo de futebol pela televisão. Graças a
deus o cinema agora traz essa sensação novamente e em alto nível de qualidade.
Após Batman vs
Superman, a expectativa para Capitão América- Guerra Civil era se o filme teria
qualidade o suficiente para ser um bom filme de embate de heróis ou se ele
seria mais um (e tão bom quanto) filme pipoca da Marvel.
Muita coisa
tramitava as escondidas dentro desse filme, pois a saga Guerra Civil nos
quadrinhos (uma das melhores já feitas) juntava dezenas de heróis da Marvel,
muitos que ela ainda não possui direitos dentro do Universo Cinematográfico, e
uma briga por um motivo um tanto quanto difícil de adaptar para os cinemas por
questão de patriotismo e falta de personagens. Outros dois grandes pontos de
interrogação era a introdução de dois novos personagens: Pantera Negra, o Rei
de Wakanda e primeiro super-herói protagonista negro apresentado pelo Universo
Cinematográfico da Marvel e a grande (e muito esperada) volta de Homem-Aranha
para seu estúdio de origem, com nova roupagem, ator e universo.
Primeiramente,
Capitão América – Guerra Civil, surpreende pelo tom que é entregue ao público.
Como já tinham feito em O Soldado Invernal, os Irmãos Russo trazem uma trama
mais adulta, logo pode esperar sangue e muita cena de ação com trama política
no meio. Surpreende bastante, uma vez que a Marvel já havia destacado bem que
seu filme era feito para todos os públicos. Mesmo com esse tom mais pesado, o
filme traz bastante humor, pois não podemos esquecer que estamos falando de
filmes da Disney.
A história acontece
baseada nos acontecimentos de Sokovia, cidade destruída em A Era de Ultron, e o
Tratado que limita as ações dos super-heróis, como também no passado de Bucky
Barnnes, O Soldado Invernal. Enquanto Tony Stark e seu grupo preferem caçar
Bucky por verem ele como um terrorista e ao mesmo tempo seguir o Tratado,
Capitão América e seus amigos decidem ajudar o velho companheiro Invernal e
seguirem suas próprias regras fora do Tratado para não serem manipulados no
futuro.
Além de Tony e Steve,
muitos outros Vingadores voltam para este filme e todos com participações
ótimas, principalmente Wanda Maximoff e Visão, que são muito melhor explorados
neste filme do que no segundo Vingadores. Uma atenção especial para Homem
Formiga que mesmo tendo pequena participação traz o público a gargalhadas e a
euforia em seu pouco tempo de tela comparado aos outros personagens.
A participação e
apresentação de Pantera Negra são bem redondas, mostrando um ótimo início para
o personagem em uma sub-trama contida e fechada. As cenas de ação com o felino
são muito boas, mas levemente exagerada no CGI (um grande erro desse filme). Já
o Amigo da Vizinha tem as melhores cenas do filme, trazendo muito humor na
medida certa, um novo universo onde todos ficaram loucos para conhecer mais e
cenas de ação perfeitas. Homem Aranha de volta para a Marvel realmente foi o
grande feito deste filme.
Não podemos deixar
de falar de alguns defeitos que o filme tem, como por exemplo a primeira parte
do longa que parece enrolar muito o público que está mais interessado na
pancadaria. Outro defeito é o grande vilão do filme, Zemo, que em comparação a
um dos grandes vilões de Capitão América nos quadrinhos, Barão Zemo, só tem o
nome. A motivação do vilão também é fraca e muito reaproveitada de outro vilão
recente dos cinemas ( sem spoilers!).
É impossível não
comparar Guerra Civil com Batman vs Superman.? Bom, ambos são ótimos filmes e
mesmo sendo os dois histórias de grandes super-heróis amados pelos seus fãs
lutando um contra o outro, cada um é completamente diferente do outro. É
nitidamente visível para quem já assistiu os dois de que o foco de cada filme é
uma coisa. Eles podem ter características bem semelhantes ao longo de suas
histórias, mas ao mesmo tempo tudo é completamente diferente. Seja no tom, no
estilo de direção, fotografia, na própria ação e humor.
No final de tanta
briga entre heróis nesses dois últimos meses, foi o público saiu ganhando. Mas
com certeza os estudiosos vão ser os vitoriosos.
André Bludeni
quarta-feira, 20 de abril de 2016
Cinderela Part.2 (+18)
Nada durante o caminho prendeu a atenção de Leonardo. Aquela
agonia fazia ele se irritar mais do que o costume, passando de propósito por
alguns sinais vermelhos.
Ele precisou tomar um grande gole
de café do seu velho copo térmico azul antes de tatear o banco do passageiro
para alcançar de novo o celular. Os números eram digitados com pressa por
dividir a atenção no trânsito. Chamando, chamando e nada. Só lhe restou a caixa
postal.
"Camila, onde você está?
Quando pegar essa mensagem me ligue de volta.". Tentou disfarçar o
nervosismo na mensagem, mas Camila saberia que era pura enganação. Mais um gole
do café antes de estacionar o carro em fila dupla e descer do seu carro Corsa
preto, que não devia ver uma lavagem há anos.
Leonardo saiu do carro, respirou
fundo e colocou sua jaqueta antes de acender um cigarro e caminhar até a faixa
de isolamento onde se agrupava cinco policias e três viaturas. Um deles, o mais
gordo e desengonçado correu na direção de Leonardo para lhe ajudar a puxar a
fita e liberar a passagem.
"Ferdinand, me atualiza do que
está acontecendo.". Ambos continuaram a caminhar em direção a muvuca
enquanto o gordo policial procurava seu bloco de notas. "Bom, Detetive
Callomary, o que temos por enquanto é que foi um homicídio. Descartamos a
possibilidade de suicídio pelo fato da vítima estar..."
"Isso eu sei Ferdinand! Caso
contrário não teriam me chamado e sim a porra do IML! Eu quero saber da vítima,
estado em que ela se encontra vestígios..." Os olhos de Leonardo saltaram
e o pescoço ficou avermelhado de raiva. Ferdinand começou a gaguejar e foi
apenas isso que fez durante longos dez segundos. Leonardo tragou o cigarro para
tentar se acalmar e desabafou em uma avalanche de fumaça "Desculpe
Ferdinand, eu explodi de novo, é que minha filha não dá notícias e... Esquece,
vou procurar o sargento lá em cima.".
Ferdinand continuou a gaguejar
enquanto Leonardo o deixava sozinho e andava até o prédio velho. O terceiro
andar parecia ser mais longe do que em um prédio normal, talvez fosse por causa
das escadas e não ter elevador. Eram poucos os vizinhos curiosos, a maioria
deveria ser de drogados inconscientes que não perceberam a presença da polícia.
Aquele bairro no Centro de São Paulo era infestado de pessoas dependentes de
droga que não tinham para onde ir. Leonardo voltou a pegar o celular para ver
se havia nova mensagem, mas teve outra frustração.
Ao
chegar ao andar, mais três policiais estavam na porta do apartamento e logo deram
passagem para o detetive entrar. Estava praticamente vazio o local se não fosse
um sofá todo rasgado e muito lixo no chão. As paredes estavam descascadas e
pichadas. Um senhor de terno, alto e esguio, observava dois fotógrafos da
perícia que tiravam fotos de todos os cantos do apartamento.
"Ilumine-me Hugo. O que
aconteceu aqui?" Leonardo deu a última tragada no cigarro antes de jogá-lo
no chão e parar ao lado do senhor.
Sargento Hugo virou-se para o
detetive coçando a cabeça calva e grisalha. "Mulher, por volta de vinte ou
vinte cinco anos. Nenhum documento, nada. O corpo deve estar aqui neste
apartamento há algumas semanas. Os vizinhos se incomodaram com o cheiro e nos
chamaram"
“Pelo menos você já chamou
a Polícia Científica e não deixou seus homens impregnarem o lugar.”
“Não cuspa no prato que já
comeu Leonardo. Você já foi da Polícia antes de seguir carreira... solo.”
Baixando-se, Callomary
olhou o chão todo arranhado. “E mesmo assim, vocês insistem em me chamar quando
não conseguem resolver as coisas.”
“Você pode ter suas
loucuras, mas sabe o que faz garoto.”
Callamary abriu um sorriso
sarcástico e levantou-se. “Depois de toda essa bajulação você vai me convidar
pra jantar ou tudo isso é só para eu resolver o seu caso e limpar sua barra?”
“Imagino que você prefira
comer suas comidas congeladas hoje em dia.”
O detetive deu uma leve
risada e olhou para o antigo amigo. “Hugo, eu não quero mais me envolver com
crime, por isso preferi ajudar esposas traídas e procurar cachorros
desaparecidos.”
“Eu sei Leo, mas se eu não
precisasse de sua ajuda não teria chamado. Isso é... fora de tudo o que jamais
presenciamos. E eu tenho certeza que a Polícia poderá de dar uma boa
gratificação. Está precisando de dinheiro e não adianta negar. Você sabe que
posso fazer que a Tesouraria da Polícia lhe de uma recompensa maior do que a de
costume.”
Leonardo desviou o olhar, estalou o
pescoço e adentrou ao quarto escuro acompanhado do sargento. "De quem é o
apartamento?"
"De um tal de Gustavo Vargas,
um aposentado.".
"E onde está Vargas?" Sem
sucesso com o interruptor, Leonardo apelou para a lanterna do celular.
"Morto há vinte anos. Sem
sucessores, o local ficou jogado as traças para viciados e mendigos.".
“Como eu amo o judiciário
e sua burocracia.” Sarcasticamente Leonardo falou iluminado o ambiente.
A luz do celular fixou-se ao chão e
a expressão de Leonardo mudou de instigado para impressionado. O corpo já
estava em decomposição, encostado na parede e de pernas esticadas com os pulsos
presos em duas longas correntes enferrujadas, mas a jovem loira usava um
vestido longo azul escuro, lindo e brilhante. O cabelo estava meticulosamente
penteado e preso em uma tiara de falsos diamantes e um coque, mas o que chocara
era outra coisa.
Primeiramente o rosto estava
literalmente amassado por algo que havia lhe acertado diversas vezes. Provavelmente
muito pesado. A parte abdominal da vítima também havia sido esmagada e ao lado
do corpo uma enorme abóbora de aço maciço, meticulosamente colocada ao lado do
corpo. Os pés da moça haviam sido cortados e estavam cuidadosamente colocados
do outro lado do corpo e ambos fincados com inúmeros pedaços de vidro. Dezenas
de ratos se alimentavam da carne podre do cadáver e grandes pedaços de vidros
estavam enfiados também nos olhos da jovem.
"Mas que merda é essa?"
Leonardo Callomary olhava abismado para a cena enquanto Hugo roubava um cigarro
do maço do detetive.
"Ainda não sabemos o motivo,
mas já vinculamos com o caso da jovem que foi torturada, morta com uma maçã na
goela.”
“Eu vi esse caso nos
noticiários mês passado.” Leonardo ainda encarava a jovem morta, incrédulo.
“Chamamos o primeiro caso
de Branca de Neve. Depois encontramos o coração da moça dentro de uma caixa de
ferro que foi deixado na frente da nossa delegacia mês passado. As câmeras só
registraram um homem encapuzado deixando a caixinha rapidamente nas escadarias."
“A primeira vítima foi
encontrada aonde?”
“Um apartamento semelhante
a esse, mas na Zona Leste da cidade.”
"Já identificaram o homem
encapuzado que o deixou a caixa?"
"Ainda não..." Hugo
acendeu o cigarro “... as câmeras de outros imóveis o seguiram até o festival
de música naquele final de semana e depois o perdemos na multidão.”.
“Quem era a primeira
garota?”
Hugo pegou sua caderneta,
folheou algumas páginas e tragou o cigarro. “Yara Fagundes. Uma agente de
publicidade. O noivo que fez o B.O do desaparecimento dela. Uma semana depois a
encontramos.”
“Suspeito de algo nele?”
“Por enquanto não.” Hugo
guardou a caderneta. “O melhor está por vir, Leo. A garota da sua frente é a
atriz Pamela Schmitt.”
“O quê? Você está de
brincadeira comigo! A da novela?”
“A própria. A emissora da
novela não quis dizer as autoridades que a atriz havia sumido das gravações
havia uma semana, com medo de perderem audiência. Pediram para a família não ir
a público também, pois colocariam detetives particulares para busca-la. Mas a
madrasta da jovem teve sua filha do primeiro casamento desaparecida também e
não conseguiu suportar. Quatro dias depois de vir falar conosco recebeu um
enorme jarro de barro com, pasme, carne ensopada no portão de sua casa. Ao
fundo havia um crânio. Os exames de DNA revelaram que era da filha da madrasta.
E agora isso...”
Leonardo ficou tonto com
tanta atrocidade. “Eu não gostava daquela porcaria de novela, mas...Deus! Já
avisaram a família que encontraram Pamela?”
“Não temos total certeza
de ser ela, por isso ainda não. Mas todas as características estão batendo”.
O detetive aproximou-se do corpo e
tentou afastar alguns ratos com chutes.
"O vestido é bem cuidado, foi lavado
para tirar as manchas de sangue, mas não completamente, então descarte a ideia
de ter sido colocado após a morte dela. Os cacos de vidro nos olhos..."
Leonardo quase encostou seu rosto ao da jovem "....tem restos de sangue
escorridos. Sem cortes nos contornos da cavidade. Foram furados depois."
“E os pés?”
"A coisa foi mais planejada.
Olhe-os! Foram cerrados na altura certa e o toco das pernas foram cuidados. Não
tem sinais de sangramento na ferida, possivelmente isso foi feito após a morte
dela também. Esse louco parece curtir fazer uma cena chocante com suas vítimas.".
“Chegamos a conclusão que
este apartamento não foi o local da morte. Apenas é o palco desse maníaco, pois
não há vestígios de nada por aqui. Idêntico ao caso Branca de Neve.”
Leonardo suspirou e coçou
a barba. “Algum vizinho viu algo suspeito?”
“Esses drogados? Se viram,
não irão falar nada para não criarem problemas para eles mesmos.”
“Ratos!”
“Concordo, são uns
malditos ratos!” Hugo olhava o corpo com repulsa.
"Não! Os ratos! Não
são ratos de esgoto. São maiores e, pelo jeito, também famintos. Foram
colocados de propósito aqui. Sem mencionar os pés colocados naquele canto
cuidadosamente."
"Eles também estão sem os
calcanhares, mas enfim... Esse filho da puta fez um enorme cenário teatral aqui.".
“Agora entende o porquê de
querermos você aqui, Leonardo?”
Callamary levantou-se e seguiu
para a porta. “Você poderia ter me esquecido dessa vez Sargento.”
Ambos saíram do quarto e Leonardo
olhou Hugo. "Eu nunca vi algo assim. Pelo menos não tão... planejado.".
"Quarenta anos na polícia e
nem eu, Leo. Quando eu tiver alguma notícia eu volto a lhe informar, mas não se
preocupe muito com isso. Eu pedi pra te chamarem em último caso, mas não me
deram bola...".
"Não se preocupe Hugo. Eu imagino
que deve ter evitado ao máximo. Vou ver se encontro alguma semelhança com
outros crimes, além do da Branca de Neve."
"Confio em você, meu amigo.
Você era um dos nossos melhores."
"Duas mentiras em uma única
frase Hugo. Fica feio um Sargento mentir assim."
Hugo sorriu e pousou a mão no
ombro magro de Leonardo. "E Camila, como está?"
"Sumida, de novo..."
Leonardo suspirou preocupado. "Adolescentes são piores que assassinos para
se encontrarem."
Hugo deu uma leve risada.
"Posso acionar uma patrulha, se quiser.".
"Não precisa. Daqui a pouco
ela deve dar notícia de vida.". Leonardo passou a mão na nuca e deu as costas
para o velho amigo.
"Não pegue pesado com a garota
Leo! Lembre-se que você já foi um moleque de dezenove anos.".
"Exatamente Hugo! Eu já fui um
filho da puta desses e sei o que fazíamos com garotas dessa idade também!"
Leonardo deixou o lugar arrumando a
jaqueta e contando os segundos para voltar ao carro e dar mais um grande gole
no seu café frio.
Entrou no carro e virou o
café do copo térmico até a última gota. Arriscou mais uma olhada no celular
esperançoso de ter notícias da filha, mas a garota realmente era um desapontamento.
Pegou
seu bloco de notas e escreveu na primeira folha em branco. “Caso Cinderela” e
riscou uma linha embaixo. Mais uma manhã de merda na sua vida, e este já tinha
lhe embrulhado o estômago.
André Bludeni
Você quer saber o que aconteceu antes? Entre nos links abaixo!
Branca de Neve
quinta-feira, 31 de março de 2016
A Assombração "Trenzinho Carreta Furacão"
Contos, lendas
urbanas, histórias de assombrações e acontecimentos sobrenaturais são coisas
que sempre chamam a atenção de qualquer ouvinte ou leitor ao assunto, independente
do conteúdo. A maioria das histórias obviamente são falsas e beiram o absurdo,
mas recentemente uma onda de relatos de estranhos acontecimentos veem invadindo
a internet no interior de São Paulo. Alguns são acompanhados por fotos e vídeos
aterrorizando os mais curiosos.
Em Ribeirão Preto,
nas noites mais quentes de verão, o silêncio das ruas escuras presencia o que
muitos chamam da coisa mais diabólica e satânica de todas: O TRENZINHO CARRETA
FURACÃO!
Primeiramente o silêncio é quebrado por um
canto pagão e hipnotizante. Em vozes silvantes, a voz demoníaca repete inúmeras
vezes a frase “Siga em Frente, Olhe para o lado! Se liga no Mestiço, na batida
do cavaco!” ritmado em sons estridentes. O canto torna-se um ritual que invade
todas as casas e comércios de luzes acessas deixando todos os moradores
apavorados.
Seguidamente, os
relatos dizem que figuras humanoides dos piores confins do Inferno correm em
velocidades impressionantes pelas calçadas apavorando crianças em adultos. São
figuras coloridas, de cabeças grandes, olhos sem vidas, cabelos longos e chamativos.
Alguns temem a dizer que personagens da cultura
pop foram inspirados nesses seres
assombrosos (Popeye, Capitão América, Bem 10, Homem-Aranha, Mickey Mouse, Fofão,...).
Estes demônios
encarnados em corpos semi-humanos começam então a criar uma dança para o ritual
de assombração. Neste momento, muitas pessoas já se evadiram por medo, mas
alguns corajosos permanecem para relatarem os acontecimentos e provarem que tal
assombração é verídica. Sobreviventes afirmam que as criaturas correm em torno
das pessoas gritando, pulando e dando piruetas. Normalmente param em pontos
específicos e efetuam movimentos sincronizados semelhantes a uma dança, que
para especialistas é uma forma de expressarem seus ódios e intimidação pelos
mortais. Alguns monstros mais antigos efetuam ações mais brutas, como escalar
edificações, se pendurar em postes e pontes e até, pasmem, andar pelos muros!
Algumas poucas
criaturas foram destruídas através de próprios deslizes das assombrações, mas um
caso ficou marcado com o herói anônimo que atropelou em sua bicicleta uma das
criaturas que atacaria a casa de pobres pessoas indefesas.
O pior do terror
ainda vem por aí... O nome que antecede a assombração Carreta Furacão tem um
propósito e esse é o veículo ( se assim podemos chamar) que acompanha as
criaturas infernais. Trata-se de uma espécie de trenzinho, iluminado por luzes
satânicas e que emite o canto do ritual. Este trem passa pelas ruas e vai sendo
ocupado pelas almas dos que não conseguiram sobreviver à Assombração Carreta
Furacão. Almas e mais almas são sugadas pelas criaturas horrendas através de
sua dança e levadas até o trem. Após efetuarem todo o ritual diabólico, as
criaturas juntam-se ao trem penduradas, e algumas mais audaciosas pulando pelas
ruas e muros, até outro ponto onde novas vítimas possam ser consumidas.
Ao longo de uma
noite de puro terror, o Trenzinho da Carreta Furacão, some nas sombras da
madrugada sem deixar vestígios. Ninguém sabe onde vivem como são invocados e
quando irão retornar para aterrorizar os moradores novamente. Apenas se sabe que
o Trenzinho Carreta Furacão não perdoa e não se intimida, pois até outros
assombrações são atacadas pela Carreta Furacão, como mostra uma gravação onde
criaturas da não tão conhecida Assombração Nave da Alegria.
Estamos longe de
entender os mistérios sórdidos da Carreta Furacão e como conseguiremos nos
prevenir desses demônios alucinados que estão à solta. Até lá podemos apenas
testemunhas cada vez mais cada atrocidade presente no interior de São Paulo.
Alguns breves vídeos de sobreviventes deixei para os mais fortes assistirem neste texto. O vídeo a seguir mostra os acontecimentos mais assombrosos, então peço que, caso já tenha se impressionado com os vídeos anteriores, NÃO ASSISTA O PRÓXIMO VÍDEO! Contém cenas fortes não recomendadas para menores de 18 anos, grávidas, idosos, cardiácos e cachorros (?).
André Bludeni
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