terça-feira, 28 de julho de 2015

Criticando Cinema - A Odisséia de Tibor Lobato, O Oitavo Vilarejo

  Sabe aquela sensação gostosa que tivemos ao ler um livro infato-juvenil que nos prendiam com tanta ação, suspense e cenas dentro da nossa imaginação que marcaram mais do que qualquer filme já produzido? Então, essa foi a sensação que tive ao ler novamente (depois de muitos anos) mais uma aventura para jovens. E eu não poderia ter escolhido aventura ( ou odisséia) melhor do que A Odisséia de Tibor Lobato, O Oitavo Vilarejo.


  Você deve estar se perguntando o por quê de uma coluna de cinema estar fazendo a crítica de um livro. A resposta é que essa aventura escrita por Gustavo Rosseb, também vocalista da banda Projeto Capela, além de já ter continuações encomendadas, também teve os direitos comprados para se tornar um longa-metragem nos anos futuros.

  A história começa com Tibor e Sátir Lobato, irmãos órfãos de ciganos, sendo levados para a fazenda de sua avó, onde conhecem seu grande amigo Rurique. A senhora além de ser muito carinhosa também guarda grandes segredos familiares que irão mudar a vida dos três jovens para sempre. A quaresma  chegou e coisas estranhas acontecem nas redondezas dos vilarejos nessa época do ano.


  Como muitas outras resenhas já classificaram, Tibor Lobato, é uma mistura de Harry Potter e Desventuras em Série com bastante de folclore brasileiro. O mais interessante do começo dessa Odisséia é a simplicidade da história, mas que nos faz grudar no livro até acabá-lo de uma vez.

  Apresentando vários personagens já conhecidos do nosso folclore, e alguns que a maioria ainda não teve contato, Tibor Lobato nos apresenta a um mundo pouco explorado pelos jovens de hoje em dia, mas que possui muita riqueza e detalhes. A aventura dos irmãos lobato e o jovem Rurique neste primeiro livro nos fazem querer a voltar a ser crianças e reviver as traquinagens da época que usávamos calças curtas ( já que estamos falando de coisas da época da vovó, vamos usar os termos delas também!).


  Este primeiro livro tem uma história redonda e com um final decente, mas as pontas que eles deixam só fazem a ansiedade para o próximo livro maiores. Alguns pontos ainda ficam inexplorados, mas de fácil adivinhação. Talvez essa seja a técnica de Rosseb para prender o leitor.

  Para quem era fã de Sítio do Pica-Pau Amarelo ou até mesmo das histórias da vovó, não pode perder essa aventura para relembrar a infância e reviver toda a emoção do passado.


André Bludeni

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Criticando Cinema: Homem-Formiga

  Para muitos, a estréia de Homem-Formiga nas telonas seria algo insignificante pelo fato dos poderes do super-herói serem algo "pequeno" (com o perdão da piada) perto dos outros Vingadores. A verdade é que Hank Pym ( e depois Scott Lang) possue um papel fundamental dentro da criação da super-equipe da Marvel. 

  O pequeno herói é um dos co-fundadores dos Vingadores nas HQs originais, mas as histórias cinematográficas tiveram uma mudança diferencial nesse aspecto, que, ao visualizar agora, não pesaram tanto quanto o esperado.


  Ex-membro dos primórdios da Shield e inventor de um traje subatômico, Hank Pym (Michael Douglas),  se recusa a partilhar sua invenção com Howard Stark e Agente Carter, logo se distância da organização para criar sua própria indústria e não ter perigo de ser furtado. Décadas depois, já aposentado, sua invenção corre risco ao ver seu antigo pupilo, Darren Cross ( Corey Stoll) criar uma cópia da invenção, chamada Jaqueta Amarela. Cabe agora ao aposentado herói, junto a sua filha Hope Van Dyne (Evangeline Lilly), encontrarem alguém perfeito para furtar a nova invenção que pode causar catástrofes mundiais. Eis que surge o sucessor do traje do Homem-formiga, Scott Lang (Paul Rudd).


  Mais uma vez, a Marvel mostra que consegue criar sub-gêneros de filmes dentro da enorme franquia que criou. Homem-Formiga não passa de um divertido filme de roubo, onde a aventura e a comédia estão perfeitamente equilibradas. O elenco principal mostra competência, mas também tem grande apoio dos atores secundários que muitas vezes roubam a cena nos alívios cômicos.


  Para um filme de produção bem conturbada, onde se perdeu a direção de Edgar Wright (Scott Pilgrim contra o Mundo) e passou para Peyton Reed, iniciante em um longa de grande ação, mas de decentes comédias como Sim Senhor e Abaixo o Amor, o filme surpreende nas cenas de ação e nos faz querer desbravar mais o mundo diminuto sendo até agora um dos efeitos mais bem acertados dentro de todos os longas da Marvel.


  Guardiões da Galáxia fora o primeiro longa a arriscar bastante, mas ter acertado o jackpot em cheio. Agora, Homem-Formiga, é o segundo a fazer o mesmo, logo podemos respirar mais aliviados para Pantera Negra e Doutor Estranho, pois a Marvel sabe bem o que está fazendo.

  As menções ao Universo Marvel são mínimas e eficientes (alguns leves comentários sobre os antigos filmes), deixando um  espaço para a inserção do herói na super-equipe. Mesmo porque ficaria muito estranho um herói microscópio e recém apresentado já ter influência de Thanos e cia.. Minha única dúvida era se o herói não teria seus poderes abafados pelos grandes e poderoso Vingadores, mas ao lembrar que a super-equipe agora é formada por membros como Patriota de Ferro e Falcão, percebemos que os grandes deuses foram trocados apenas por soldados bem equipados deixando a equipe mais "humana" e mortal, dando assim mais espaço para Scott Lang e seu traje que prometem ser uma das grandes estrelas dessa nova fase e equipe.

  Para uma aposta bem arriscada, a Marvel acertou em cheio na pequena formiga!





André Bludeni

terça-feira, 14 de julho de 2015

O Morador da Mente e seu 1 ano de vida!

  Hoje, nós do Morador da Mente, celebramos um ano de textos, compartilhamentos, amizades e reflexões do blog! Apenas temos a agradecer a todos vocês leitores e participantes que fizeram isso acontecer. Fizeram o Morador trabalhar!

  Foram receitas, críticas de cinema, contos, curiosidades, histórias e muitas, mas muitas,  divagações sobre todos os tipos de assuntos. Tivemos a participação de vários escritores ao longo deste ano. Desde novatos que começaram com o Morador, até participações especiais de escritores que já publicam seus textos em outras mídias.

  Hoje, dia 14 de Julho, coincidentemente, também é o dia que se comemora a Queda da Bastilha, um marco que é lembrado como o início da Revolução Francesa, onde se defendia a Liberdade, Fraternidade e Igualdade. Três pontos que ainda defendemos e tentamos implantar na nossa sociedade que ainda tem muito ao que aprender.

  A liberdade de expressão e de ação é algo que ainda temos muita dificuldade de aceitar. O diferente ainda é visto com maus olhos. Precisamos aceitar mais a liberdade de todos, mas sem que está interfira também na sua liberdade.

  O ponto anterior nos leva a Fraternidade. Devemos lembrar que somos todos irmãos e que nunca devemos colocar de lado alguém por qualquer motivo. Fraternidade! Seja de nação, raça, crenças, existência ou escolhas! De algum modo, sempre você encontrará algo em comum com o próximo, logo sempre o abrace!

  Por último, a Revolução Francesa, defendia a Igualdade. Não existe e nunca existirá alguém melhor do que você! Seus direitos são iguais aos de qualquer um e jamais isso deve ser esquecido independente de sua educação, emprego, moradia,...

  Ainda temos muito o que evoluir, mas acredito que o caminho está certo. E nós, do Morador da Mente continuaremos aqui observando e questionando tudo e todos! Sempre!


O Morador da Mente
 

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Uma Bailarina Diferente

  Eu só queria ser a porra de uma bailarina. Eu nunca pude pedir para a minha mãe pentear meus cabelos ao pé da cama. Eu nunca pude dizer que queria experimentar todas as cores possíveis de batons que a via usando, quando ela saída eu me tornava a mulher da casa. O quarto rosa me custou tantas lágrimas, eu só queria acordar e ver minhas bonecas na prateleira, todas em fileira esperando por minhas mãozinhas, com as unhas feitas pela titia. 

  Enquanto eu ouvia todos ditando para as outras meninas como elas deveriam se comportar, eu já estava sentada ao lado, com minhas pernas cruzadas e com toda a polidez que existia dentro de mim. Ninguém notou, ninguém me coroou a melhor menina da escolinha. Isso não tem nada a ver com eles, eu estou falando por mim e todo o meu sonho de poder usar um tutu rosa na minha apresentação de balé da turma de 2001, quando eu tinha seis anos, e meus pais estariam lá na primeira fileira aplaudindo a menininha deles, assim que eles me chamariam. Menininha. A dor da minha sapatilha dez anos depois não se compararia com a dor de não ter sido, nunca, aquilo que meu coração pedia para eu ser. 


  "Olha mamãe, desenhei uma fada madrinha e essa aqui do lado sou eu, desenhei meu cabelo bem longo como o das moças da tevê e olha meu vestido, não tinha rosa, então pintei de azul", a cor do meu vestido não importaria, eu ainda sim continuaria sendo a menininha deles.


  Hoje coloco comprimidos na boca em uma tentativa dolorosa de mostrar para o mundo que eu sou a minha própria menininha, que eu me aplaudo no final de cada apresentação e tenho um lindo tutu rosa guardado dentro de um baú velho com as minhas bonecas.

  A minha menininha está cansada de se destruir para mostrar a sua existência. A bailarina que eu nunca fui está no ultimo ato de um espetáculo qualquer, ela está dançando graciosamente enquanto suas penas estão se soltando. Ela está morrendo. No final todos se levantarão e aplaudirão a minha menina caída ao som do último acorde. Despedaçada por dentro. Bravo.


  Por uma garota transexual, que nunca pode usar um tutu rosa. Por mim, Lorena Landim.


Lorena Landim

terça-feira, 7 de julho de 2015

Relato de um Monstro

  Me admira o fato de como o homem possui uma memória frágil e curta. O fato de o ser humano ser a presa, mas em questão de minutos tornar-se um predador sem escrúpulos.
  Em um passado não tão distante eu já fui essa presa. Visto pelo olhar da sociedade como algo que beirava o repulsivo. Uma figura deslocada no quebra-cabeça definido pelo belo através de uma forma monstruosa e desvirtuosa.

  Mesmo sendo uma presa nunca deixei ser destroçado pelas críticas, comentários e ataques. Me camuflava de certa forma em um predador, chegando até a ter dúvida de fato de quem realmente era o verdadeiro monstro.
  Muitos gostavam de mim, sem dúvida, mas nunca assumiam tal afeto perante ao resto do mundo. Talvez por medo de se tornarem um novo alvo junto a criatura bizarra que assumiriam ao seu lado.

  No fundo do abismo mais escuro e frio, a depressão era o único "conforto" que me abraçava dentre lágrimas silenciosas e gélidas. O destino já estava traçado e aceito sem discordância de nenhuma passagem.

  Mas foi então que sua mão se estendeu! Uma mão quente, confortável e iluminada de um vermelho admirável, encantador, hipnotizante. Uma pessoa que me via além da carne, além da máscara, me via por inteiro e verdadeiro. Conseguia me enxergar por trás do monstro que todos evitavam e fugiam.

  Ao lhe segurar os dedos também vi que além do seu sorriso, havia uma tristeza inconsolável, uma solidão tão fria quanto a minha dentro de uma depressão talvez mais profunda. A beira de se transformar mais uma criatura odiosa, abracei o novo destino predestinado e juntos enfrentamos as mais terríveis muralhas que um ser poderia. Fomos além dos olhares e críticas e voltamos, juntos a ser mais uma parte da sociedade, nos completando juntos, nos tornando dependentes um do outro, através de um quente calor amoroso de confiança, prazer, afeto...puro!

  Com o tempo fomos nos igualando ao resto, mas o seu medo de voltar para as trevas continuava. O medo de ser anulada pelo meu novo ego, pela minha nova confiança, por ser trocada por aqueles que um dia me esnobaram e me menosprezaram.

  Posso estar "diferente", mas continuo sendo aquele monstro recuado, aquele monstro internamente desacredito de todos, menos de você, pois um dia lhe fez se apaixonar, o monstro que você guiou e mostrou a felicidade que ele nunca mais achou encontrar.
  Jamais esse monstro esquecerá a luz reconfortante e vermelha que o trouxe a esperança novamente. Jamais ele deixará as novas tentações o cegarem e abafarem o grito de quem realmente o viu como uma pessoa amável.

  Jamais esse monstro esquecerá! Jamais eu esquecerei de você, meu amor!


André Bludeni

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Neurônio Gastronômico: Jedi's Burger & Grill

                                                   

                                       "IT'S A TRAP!"

  Quando vi o que estava rolando na internet sobre a hamburgueria temática de Star Wars que havia aberto em São Paulo, não pensei duas vezes e arrastei o meu irmão para visitarmos o local! Não havia uma semana de inauguração e esse era um dos temas mais comentados na timeline do meu Facebook, logo eu, como fã da série, não poderia deixar de dar o meu "ok"

  Para mim, o Jedi’s Burger & Grill já era o melhor dos mundos! O ambiente de uma nave imperial, sabres de luz pendurados nas paredes e de STORMTROOPERS COMO GARÇONS! CARALHO O QUÃO ÉPICO ISSO DEVERIA SER PUTA QUE O PARIU! Os caras tinham acertado na mosca! MOTHERFUCKER!

 Quando chegamos, fiquei impressionado. A entrada era absurdamente bonita, fazendo uma referencia incrível ao universo todo. Na Rua Verbo Divino, 1194, Santo Amaro, o local era o ponto mais luminoso da via escura, com um portal para a nave lá de dentro de cair o queixo.

 A primeira coisa que eu esperávamos encontrar eram os Stormtroopers, mas.... PORRA MERMÃO CADÊ OS GARÇOM STORMTROOPERS?!?!?!?! Eram garçons comuns, de coletinho preto e nada mais!Foi aí que a coisa degringolo de vez... 

  A casa estava cheia, em torno de umas 8 a 10 mesas na frente, mas em vez de ter alguém recepcionando as pessoas e organizando a muvuca, os garçons deixaram a multidão se aglomerar na porta. para piorar, tinham mesas vazias que ficaram um longo tempo sem limpeza fazendo cada vez mais a fila aumentar. Como era a primeira semana de funcionamento, obviamente que tudo seria meio bagunçado, demos esse desconto. 
  Passado uns 15 minutos, um dos garçons chamou do fundo do restaurante a nossa mesa e a de um casal que chegou logo depois de nós. Curiosamente sentamos em mesas um do lado da outra.

  Quando se entra na casa, é tudo bem diferente do que visto na internet. A ideia seria você se sentir em um cruzador imperial, tendo a visão de dentro pra fora, com painéis luminosos imitando as janelas da nave, dando a ideia que externamente acontecesse uma batalha entre X-Wings Rebeldes e Tie-Fighters e Cruzadores Imperiais. Tá, isso até que funciona. Lá no fundo do salão tem uma janela dando ideia a aquela salinha da Millenium Falcom onde toda tripulação se junta no momento de Velocidade da Luz. Ok, funciona também. Mas o que me incomodou muito como fã foi a falta de cuidado. Todos os adesivos nas paredes são de imagens em baixa resolução, todas pixelizadas, o que dá um ar de baixa produção. Chega a dar a impressão que foram compradas em lojas de festinha de aniversário infantil de uma esquina qualquer. O cardápio era todo "temático" com as primeiras imagens que eles devem ter encontrado no Google com diversos nomes de lanches que eram descaradamente copiados da franquia Fifties versão Star Wars (Pic Darth Vader? Sério mesmo?). Para piorar a situação um Darth Vader que tem os olhos que piscam da cor vermelha (WTF?) no hall do banheiro é o point de fotos para o Instagram do restaurante.

  Senti muito a falta de receitas mais elaboradas sabe, me senti sentado no Haburguinho intergalático, com aquelas receitas padrões de casa de hamburger padrão, com a única diferença que ao invés de um lanche se chamar Cheese Salada, aqui ele recebe a alcunha de Chesse Salada Jedi. Com um universo tão vasto quanto o de Star Wars, não existe limite para a criação de novos pratos! 


  Voltando a nossa experiência espacial, o lanche demorou mais de uma hora e meia para chegar. Detalhe que o garçom chegou a os avisar nesse meio tempo que tinha perdido a comanda, tendo que refazer o pedido. Não fosse o suficiente, ao chegar o lanche, o próprio garçom virou para mim e disse "Olha, veio errado...". Então por quê raios trouxe errado?


  Para não cruxificar demais o local, o lanche era "ok". Nada de especial. Tinha um gostoso saboroso, mas a quantidade de alface dentro do Pic Vader foi bem exagerado. O molho é o "especial" que toda casa tem, que hoje em dia não tem mais nada de especial, mas o pão preto estava muito bom. Veio quente, macio e não tinha um gosto diferente como eu imaginei.


  Lembra do casal que entrou conosco? Depois de duas horas no restaurante e prontos para irmos embora, o pobre casal ainda não tinha recebido na mesa nem as bebidas que haviam pedido, logo cheguei a conclusão que a experiência não tinha sido fraca apenas para mim.


  A visita valeu pela experiência de conhecer um lugar "diferente" e comer um sanduíche no pão preto, porque de resto, para um fã como eu, foi algo bem decpecionante. Quem sabe, ao longo do tempo eles não consigam dar um up no lugar, mas tem muitos anos-luz pela frente para o Jedi's Burger & Grill.


André Bludeni