- Você está distante...
- É, estou.
- Por que não conversa sobre?
- ... acho que você não entenderia.
É sempre assim. Sou prisioneira das piores e melhores diversidades de sentimentos alheios. Desde do fogo que arde até a alma, até o vento gélido que me rege aparentemente do nada. São sentimentos e sentidos em que eu não sei explicar, apenas sentir - cômico e clichê, não é mesmo?
As perguntas são sorrateiras e certeiras. Vem justamente quando eu menos quero, mas é exatamente quando eu preciso. Funciono como bomba relógio, só explodo na hora certa e no momento certo, mas acho que atinjo quem não queria atingir.
Fazendo minhas análises diárias de como foi o meu dia, eu mal posso contar-lhes que ao acaso, por esses dias ai, me conheci novamente. Pareço uma louca delatando tudo o que percebo e vejo, mas é real.
Falaremos então sobre conexões e desejos voltados a mente humana... Eu gosto, mas não é todo mundo que entende. Muita gente se sente um peixinho fora d'água querendo um consolo de alguém que a entenda e, se pudesse, espalhava toda a sua confusão em forma de desespero. Vocês conseguem entender que sentir muito é a melhor forma de auto-conhecimento e pensamento do seu "eu" maior?
Por hora, inevitavelmente eu encontro pessoas cegas e cheias de receios e medos. Tem gente que tem medo de vomitar seus próprios medos; e quem engole tanta coisa termina onde? Ah... Eu não sei. Talvez a um ponto de loucura que não tem mais volta. Só entendo que eu não quero que essas pessoas se sintam mais assim. A expansão da mente vai muito mais além do que vocês já experimentaram.
Costumamos bloquear aquilo que não nos é palpável e visto. Pagamos tanto para ver que quando vemos, voltaríamos ao tempo e reconstruiríamos as melhores e piores fórmulas de "como não fazer novamente esta veracidade sentimental".
Minha incredulidade acaba quando meus olhos já não querem enxergar a tamanha realidade em que vivo. Como se não bastasse, a humanidade vive em uma carnificina constante; eu já perdi as contas nos dedos.
Minha cabeça tenta lidar com a tamanha indiferença que somos tratados uns com os outros. Eu, por exemplo, me sinto impreterivelmente afogada em um poço que ninguém consegue me tirar de lá, porque definitivamente eu me encontrei num lugar em que só pessoas que sentem tanto como eu, conseguem entender que a solidão que vem de dentro pode ser mudada para o que vai para fora, como transmitimos.
Nesses poços, já fui deixada mil e uma vezes; falem como quiserem... despedaçada, isolada, sozinha, inconsolada. Mas foram dessas caídas miseráveis que eu me fortifiquei e ainda me fortifico. Esses dias mesmo percebi que por mais que eu ache que esteja só nesse caminho, vem outras esfregam na minha cara que o meu problema é só mais um no meio de 7 bilhões de pessoas.
Acho que a plenitude não é a perfeição e a ilusão de que está tudo maravilhosamente bem - porque afinal, ninguém é cem por cento nessa vida -, mas é o ponto em que você encontrou um pouco de paz em meio a tanto caos, mesmo com problemas a serem resolvidos a sua volta porque sabe que o tempo nos mostra o que deve realmente ficar ou ir embora.
O futuro me pertence mas eu não faço ideia do que acontecerá. Talvez eu mude mais do que já mudei, talvez eu viva mais do que já vivi, talvez eu viaje mais do que pensei, talvez eu deixe o berço em que nasci. A análise abstrata de algo que eu não sei é constrangedora, logo eu, que planejo tudo tão perfeitamente bem. Acho que é isso que me falta, as possibilidades. A possibilidade que me mostra que eu possa mudar os caminhos já programados. A vida é incerta demais pra seguir apenas uma direção. Quem sabe eu seja gerente de uma empresa daqui há alguns anos, que eu more fora durante um bom tempo, que eu limpe a minha alma e que esteja em constante mudança do meu eu interno. Essa sou eu, de carne e osso, do previsível ao imprevisível. Feita de sonhos e planos dentro da realidade rotineira.
Nathalie Tavares

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