segunda-feira, 4 de maio de 2015

Criticando Cinema: Entre Abelhas

   O que você faria se as pessoas a sua volta começassem a desaparecer? Essa é a premissa de Entre Abelhas, filme dirigido por Ian SBF e protagonizado por Fábio Porchat.

  Porchat interpreta Bruno, um rapaz que acabou de terminar seu casamento e volta a morar com sua mãe protetora (Irene Ravache). Depressivo, ele tenta seguir em frente com a ajuda do amigo malandro Davi (Marcos Veras), que insiste em levá-lo em noitadas para beber e encontrar mulheres. Certo dia, Bruno passa por situações que o deixam confuso. Esbarra em pessoas no metrô que não estão lá; o ônibus que para nos pontos e abre as portas para ninguém descer; o taxista que, de uma hora para outra, desaparece com o carro em movimento. Ao se dar conta, ele percebe que não apenas desconhecidos estão sumindo, mas pessoas do seu cotidiano, como amigos e colegas de trabalho. E assim começa o seu drama.

  Com uma narrativa clara e linear, Entre Abelhas nos leva a uma discussão: nós realmente enxergamos as pessoas em nossa volta? Nos fechamos em nosso próprio mundo e deixamos de reparar se aquele amigo que está sempre ao seu lado precisa de um abraço ou mesmo se a atendente do restaurante onde almoçamos merece um elogio pelo trabalho. No final, é como diz o ditado, o pior cego é aquele que não quer ver.

  Porchat traz um personagem totalmente diferente do que já tenha feito alguma vez. Com poucos sorrisos durante o filme inteiro, o personagem demonstra angústia, sofrimento, tristeza e se diferencia completamente do Fábio Porchat que estamos habituados a assistir no Porta dos Fundos. Outros destaques ficam com Davi, que não enxerga ninguém além de si próprio, não medindo as consequências de suas atitudes, e Nildo ( Luis Lobianco), que junto a mãe do protagonista, traz o apelo cômico junto a uma discussão social de como o garçon de uma pizzaria, que pega três horas de condução de sua casa ao trabalho, pode ser invisível para o resto da sociedade.

  O que podemos tirar da trama? Muitas vezes precisamos parar de enxergar os outros para nos focarmos em nós mesmos e encontrar a solução de nossos problemas. A vida segue! Mas nunca podemos deixar que essa "cegueira" nos consuma por completo, pois assim não teremos volta e seremos apenas mais um vagando nas ruas lotadas, mas sem vida...vazias!


André Bludeni

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