domingo, 28 de setembro de 2014

De Tudo Um Pouco: Antes de ser o Espetacular Homem-Aranha








Antes de ser o Espetacular Homem-Aranha ele era apenas o Pequeno Parker...

Com uma premissa simples, de contar a história de Peter Parker antes de ser picado por uma aranha radioativa, perder o Tio Ben, Gwen Stacy, ou seja, muito antes de saber de que com grandes poderes vêm grandes responsabilidades, Vitor Cafaggi trouxe de 2008 a 2011 uma série de tiras muito bonitas, não só pela arte, mas também pelo conteúdo das histórias que, diga-se de passagem, é muito melhor do que muitas histórias e sagas que eram publicadas pela Marvel sobre o Homem-Aranha na época e ainda hoje (sim “Um Novo Dia” e “Superior Homem-Aranha” eu estou olhando para vocês).

Mas voltando ao Pequeno Parker, Cafaggi começou publicando as tiras no Orkut, e depois devido ao grande sucesso criou um blog (www.punyparker.blogspot.com), onde as tiras eram publicadas semanalmente.

O traço e o espírito da história emulam muito Calvin & Haroldo, Charlie Brown, além de ter uma pegada anos 80s que, aliás, segundo o autor são suas grandes referências.

Toda a saga, que tem 3 temporadas, presta uma grande homenagem a mitologia do Homem-Aranha, incluindo as suas grandes sagas (Uniforme Negro, Saga dos Clones e Um Novo Dia), suas parcerias (Tocha Humana, Demolidor, Homem de Gelo e Estrela de Fogo – da série Homem-Aranha e seus fantásticos amigos) e também sua grande gama de coadjuvantes (Tia May, Flash Thompson, Felícia Hardy, J.J. Jameson, Gwen Stacy, etc.).

De todos os personagens da mitologia aracnídea, dois tem um destaque maior. Tio Ben, que é a figura paterna, o porto seguro de Peter, ou seja, aqui ele não é uma figura da memória que fez Peter ganhar responsabilidades através do erro e da culpa pela morte, Tio Ben, é o exemplo que molda o caráter do Pequeno Parker. A outra personagem é Mary Jane, a menina ruiva, que é a grande musa inspiradora do Pequeno Parker, é quem coloca cores no universo do menino, aliás, a poética de Cafaggi é belíssima quanto a isso, pois coloca cores apenas nas histórias que contam com a presença da pequena MJ. Mas continuando, Mary Jane é o 1º grande amor da vida do Pequeno Parker e ele é o dela. O que é uma abordagem curiosa e até ousada, afinal na mitologia oficial do Homem-Aranha, Gwen Stacy (que é pouco utilizada nas tiras de Cafaggi) foi a 1ª namorada, e 1º grande amor de Peter, MJ era citada como a sobrinha da vizinha de Peter, mas que teoricamente só teria tido alguma importância na vida dele após o falecimento de Gwen. Mas na saga do Pequeno Parker a dona do coração dele é MJ e isso inclusive funciona muito bem para amarrar e dar um bom background para história de amor dos dois na cronologia oficial aracnídea (ouviu Marvel?!?!) e assim entender e aceitar quem é MJ na vida adulta de Parker, o envolvimento dos dois, o casamento (que agora não existe mais, aff!) e realmente ver que ela é o grande amor de Peter, é a menina que ele viu na infância, e perguntou para a Tia May se aquela era um anjo.






Algo muito interessante nas tiras, é que apesar de ser baseada em um personagem estabelecido, tendo como referências outras tiras e personagens, as histórias do Pequeno Parker são extremamente originais, criativas e cativantes, que, como eu já disse, não devem nada ao material publicado pela Marvel e, aliás, deveriam olhar com carinho para o Pequeno Parker e colocá-lo como uma possibilidade de publicação dentro da cronologia oficial do Homem-Aranha.




Uma coisa que chama muito atenção foi a postura profissional do autor, que sempre se preocupou em respeitar os prazos, e também, em lançar as tiras tanto em português, quanto inglês, o que ampliou o seu público, além de disponibilizar as temporadas completas para download, assim como papéis de paredes, papertoys e diversos materiais de divulgação das tiras.

Vitor Cafaggi é o autor da tira independente Valente que é publicada pelo O Globo, e agora chegou em formato encadernado pela Panini, que também vale a pena conferir. Além de ser um dos artistas que homenageou Maurício de Sousa no álbum MSP50 e em 2013, ao lado de sua irmã Lu Cafaggi no belíssimo álbum Laços, contou uma história de Chico Bento.

Quanto ao Pequeno Parker, eu só o conheci exatamente na semana de lançamento da última tira, mas isso não fez com que eu fosse menos fã. Foi uma pena que o Pequeno Parker durou somente 140 tiras, mas segundo o autor, ele sempre imaginou uma história auto contida, com começo, meio e fim. E afinal, o fim do Pequeno Parker, torna-se o início do Homem-Aranha. Vale muito a pena conferir.



Alexandre Araújo



segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Brujos

  Lembrando-se de uma frase que meu pai sempre falava, decidi que iria escrever sobre magia no post de hoje, mais precisamente sobre seus utilizadores. 

  A frase vem do livro Dom Quixote de Miguel de Cervantes e seria algo assim:

Yo non creo en brujas, pero que las hay,las hay”

 “Eu não acredito em bruxas, mas que existem, elas existem”

  Traduzido para o português perde um pouco o sentido, mas conseguimos captar.

  Magia, como os antigos chamavam, se tratava de algo que não conseguiam explicar ou não conseguiam entender. Isso talvez tornasse os cientistas, magos do mundo moderno, por assim dizer, e como nossos cientistas hoje, nos tempos antigos os magos eram diferenciados.

  Existiam vários tipos de magos, mas generalizando, estes manipulavam as forças elementais,  cada um com a sua especialidade. 
Manipulando terra, fogo, água e podendo ainda criar ilusões, o mago utilizava como arma o bastão, que canalizava seus poderes arcanos e permitia manipular os elementos como desejar. O mago canaliza e armazena seu poder arcano, ou energia, normalmente em pedras preciosas que ficam em algum local do cajado. Pedras preciosas como, rubi, esmeraldas ou diamantes eram escolhidas por armazenarem energia em grande quantidade e com quase nenhuma perda.

  Normalmente o local que o mago aprendia suas habilidades determinava qual era sua especialidade. O mago para deixar de ser aprendiz levava pelo menos 15 anos de aprendizado diário com seu mestre, sempre um sábio exímio em suas faculdades mágicas. Magos poderiam se criar sozinhos através de escritos secretos, mas isso era extremamente difícil acontecer, pois magos raramente compartilhavam seus conhecimentos com estranhos, muito menos entregavam seus pergaminhos para eles.

  Em todos os lugares do mundo existem as duas vertentes do bem e do mal, no caso dos magos existe a divisão de magos negros e brancos. Os magos negros estão sempre relacionados com pactos demoníacos que dilaceram suas almas e vendem suas vidas para o outro lado. Os magos brancos são voltados para o bem e ajudar as pessoas, normalmente ligados à natureza ou quase fazendo parte dela.
Os magos brancos aparecem em grande variedade, existem os invocadores, os arcanistas, os elementalistas, os arquimagos, os animagos, os druidas, os clérigos, os monges, os sacerdotes, os shamans e os dobradores. Cada um com sua vantagem e desvantagem, utilizam suas habilidades para o bem.

Invocadores: fazem pactos com criaturas da natureza ou elementais para poderem atacar e se defender de seus inimigos. Normalmente vivem em florestas, montanhas e até cavernas. 

Arcanistas: são magos brancos, mas sem consciência do que seu poder pode causar de dano para outros. 

Elementalistas: são manipuladores exímios de fogo, agua, terra, ar e suas variações misturando duas naturezas. Vivem em tribos, são serenos e calmos. 

Arquimagos:  são os que controlam as forças destrutivas da natureza, como furacões, terremotos, erupções, se encontrar um em seu caminho saia de perto. 

Animagos: tem esse nome porque se fundem com animais ou invocam magias para modificarem seus corpos e se integrar com criaturas ou arvores, os famosos ents podem ser considerados magos tão antigos que se fundiram com arvores inteiras formando seres inteligentes que parecem fazerem parte da floresta. 

Druidas: trabalham em conjunto com os animais, vivendo sempre solitari e profundamente em florestas densas. Chamam animais como ajuda e alguns até podem se transformar neles. 
Os clérigos, os monges e os sacerdotes são todos magos provenientes da igreja, que com sua fé combatem as trevas. Com determinação os monges utilizam suas mãos para exorcizar os males da terra. 

Clérigos: são magos que se voltam para cuidar de pessoas doentes e banir os mortos-vivos. Os sacerdotes aproveitam suas habilidades magicas para abençoar, curar e melhorar as habilidades de outros. 

Shamans: são magos que protegem a natureza usando o terreno a seu favor. 

Dobradores: nascem sabendo sua natureza, aprendendo a dobrar o elemento de sua tribo ele pode manipular, mas não criar sua natureza.


 




  Os magos negros desenvolvem suas habilidades para o mal ou muitas vezes são tomados por espíritos malignos por não possuírem conhecimento suficiente para dominar as artes das trevas, mesmo sendo magos brancos. Os mais comuns são os necromantes, os metamorfos, os magos vermelhos, os ilusionistas, os feiticeiros, os voodoos, os espectros e os warlocks.

Necromantes: são magos que fazem pactos com as criaturas das trevas, invocando muitas vezes animais pútridos ou malignos e podem até reanimar criaturas. Depentendo da força do necromante pode até reanimar humanos. 

Metamorfos: são o lado negro dos animagos se transformando em varias criaturas ao mesmo tempo e apenas usando uma parte do corpo de cada animal. 
Os magos vermelhos dizem que são descendentes do diabo e por isso vagam pela terra procurando sangue, que lhes sacie a vontade de matar. Podem matar criaturas e humanos apenas com sua vontade de retirar sangue. Dependendo da força do mago pode acabar com uma cidade apenas andando por ela. 

Ilusionstas: são apenas trambiqueiros que usam da magia para confundir pessoas e animais, assustando quem desejar. Pode controlar pessoas tão fortemente que nem percebem que estão vivendo uma realidade alternativa. Os feiticeiros são magos que perderam o rumo do bem e se voltaram contra sua ordem realizando acordos com espíritos e criaturas nefastas para atingir suas metas. 

Voodos: são magos que utilizam maldiçoes para atingir seus objetivos do mal. Os espectros são magos que perderam o controle de seus corpos ao tentar invocar um espirito mais forte que eles mesmos. 
Os espectros podem ser extremamente maléficos e perigosos, porque podem ser criaturas antigas de extremo conhecimento dos dois mundos, tanto físico quanto espiritual. 

Warlocks: são bruxos das trevas que são voltados para maldições, conjurações de demônios e ataques que prejudicam fisicamente seus adversários.






























 Seja como for, sendo mago branco ou negro todos são perigosos se forem desafiados ou incomodados, portanto sempre muito cuidado ao lidar com eles. Apenas sei que são seres diferentes que tratam o mundo de forma alternativa e sentem as energias fluírem pelo corpo de maneiras inimagináveis. Dizem que existem até hoje, principalmente na Europa, se escondem no meio da população em cidades pequenas do interior. Então não posso garantir que existem, nem que deixam de existir, pois nunca vi um e nem me provaram do contrario, mas, que las hay, las hay.





Gabriel Crespi

terça-feira, 16 de setembro de 2014

De Tudo Um Pouco: Qual a verdadeira necessidade dos Novos 52?

 Em maio de 2011 a DC lançava nos Estados Unidos a saga Flashpoint, esse seria o seu Blockbuster de verão.

 A sinopse de Flashpoint (ou Ponto de Ignição como foi chamado do Brasil)é a seguinte,. Barry Allen (Flash) acorda em seu escritório e descobre que as coisas estão diferentes: ele se vê sem seus poderes, descobre que sua mãe ainda está viva, e que o mundo está em guerra. Desnorteado, vai em busca da Liga da Justiça, mas fica surpreso ao descobrir que eles não existem. Ao se perceber numa realidade paralela ele consegue descobrir que Batman ainda existe e, então, parte em busca do amigo, tentando conseguir ajuda, mas para sua surpresa ele não é Bruce Wayne. Barry também descobre que o Professor "Zoom", vulgo "Flash Reverso", estava envolvido em tudo e inicia-se assim a cruzada de Barry para tentar retornar ao seu mundo ou, pelo menos, salvar este.

 Mas qual a verdadeira importância dessa saga que não fez dela mais um dos mega crossovers de verão, tão habituais para DC e Marvel?

 A diferença é que Flashpoint serviu de base para o que veio a ser o Relaunch da DC, que na verdade, Dan Didio (editor-chefe da DC), gostaria de ter feito após a saga Crise Final, mas que foi adiado graças a Grant Morrison e Geoff Johns. A série que foca em um presente alternativo dos personagens, tem como protagonista o Flash Barry Allen, que retornara um pouco antes da Crise Final trazido, aliás pelo próprio Geoff Johns. Flashpoint alardeava desde seu principio que as coisas não seriam as mesmas, afinal o seu principal slogan era "Tudo Vai Mudar". E realmente, ao final da série, em setembro de 2011 TUDO MUDOU, ou quase...

 Uma coisa tem de ficar clara desde o princípio, quadrinhos são um negócio, ou seja, a função deles é gerar lucros. Ah! Mas eles são a 9ª arte! Dane-se ainda sendo arte eles tem de dar dinheiro.

 E é a partir disso que surge o verdadeiro motivo para os Novos 52. A DC vinha há muitos anos perdendo espaço de mercado para sua principal rival, a Marvel, sendo que o único personagem da DC que era sucesso de vendas, sendo quase sempre a revista em quadrinhos mais vendida nos Estados Unidos era o Batman de Grant Morrison, o que era curioso, pois do TOP 10 de vendas ele normalmente ficava em 1º, e as outras nove posições eram ocupadas pelos personagens da Marvel. Dessa forma, a DC (que para quem não sabe, pertence a Warner Bros.) precisava se tornar relevante novamente, ou seja, precisava fazer seus demais personagens venderem quadrinhos também, e dessa forma recuperar um bom pedaço da fatia do bolo, que cada vez mais ficava nas mãos da Marvel.






 A saída encontrada para isso, através da brilhante (só que não) mente de Dan Didio e Diane Nelson (presidente da DC Entertainment – braço executivo da DC/Warner) foi que o Reboot de seus quadrinhos. Pois para eles o verdadeiro motivo para as baixas vendas não tinha nada a ver com a qualidade das histórias contadas, e sim porque o público não se arriscaria a entrar no universo quadrinístico devido a dificuldade de anos de cronologia. Então a proposta seria a seguinte: os míticos personagens da DC seriam rejuvenescidos, suas histórias zeradas e eles seriam restabelecidos de uma nova forma. Sendo que todos os personagens seriam tratados em seu início de carreira. Até aí tudo bem, ousado pacas, mas seria interessante ver o Superman jovem, solteiro e “aprendendo” a ser herói, ao invés do ícone que ele é. Saber como se deu a formação da Liga da Justiça. Acompanhar Diana vindo para a terra do patriarcado, o Flash ganhando e aprendendo a usar seus poderes. Aquaman surgindo dos mares, Hal Jordan recebendo seu Anel Energético, Batman no começo de carreira, antes dos Robins... OPA! ESPERA AÍ! Vamos revisar: Superman jovem (OK!), Diana vindo para a terra do patriarcado (+ou- OK), o Flash ganhando e aprendendo a usar seus poderes (+ou- OK também), Aquaman, Hal Jordan e Batman no começo de carreiras (NÃO), todos já estavam estabelecidos, nada da cronologia anterior desses três deveria ser desconsiderada. Poxa, mas o problema não era a cronologia? Pois é, e eles conseguiram deixar as coisas ainda MAIS COMPLICADAS. Afinal foi um reboot que valeu para alguns, mas que foi mais ou menos para outros, e para Lanterna Verde e Batman, praticamente não existiram.

 Tentaram fazer explicações toscas, de que tudo para os dois acontecera em cinco anos. Ou então que eram vigilantes mais experientes. E daí, começou a acontecer o seguinte para os leitores, tantos novos quanto os antigos. O que pode ser considerado ou não? A bem da verdade, ninguém sabe dizer com certeza. Superman pode (ou não) ter morrido e retornado. Bárbara Gordon (Batgirl) foi aleijada pelo Coringa e recuperou o poder de andar em 3 anos. Em apenas 5 (CINCO) anos, Batman teve 4 (QUATRO) Robins, Dick Grayson o 1º, que virou Asa Noturna, foi Batman também por um período, e voltou a ser Asa Noturna, e agora é agente secreto (mas isso é assunto para outro post), Jason Todd o 2º, que foi morto pelo Coringa, retornou, foi treinado por uma seita, e se tornou Capuz Vermelho, Tim Drake o 3º que descobriu a identidade do Batman, evoluir para Robin Vermelho e é líder dos Novos Titãs (uma curiosidade e assunto para outro post futuro, eles são Novos Titãs, sendo que nos Novos 52 não existiram os “velhos” Titãs), e finalmente Damian Wayne o 4º Robin, que é o filho de Batman com Tália Al’Ghul, um moleque de 12 anos, que teria sido concebido com Bruce já como Batman (detalhe que ele teoricamente nesses novos 52 tem 10 anos de carreira). Tudo bem são quadrinhos, a gente aceita que o cara pode voar, o outro recebeu um anel energético, o outro pode falar com os peixes, etc. e tal. Mas algumas coisas também já é forçar demais a amizade. É querer subestimar a inteligência e a boa vontade do leitor.




 Bom, mas continuando, afinal, o título do post é uma pergunta e pretendo respondê-la.

 Os Novos 52 não foram de todo o mal, há a grande sacada do lançamento de 52 novos títulos, coisas muito boas, coisas ruins também, mas ainda assim houve a ousadia de lançar um título sobre guerra, sobre faroeste. Houve também, finalmente, a integração do universo Wildstorm. Porém tudo isso poderia ter acontecido sem o Relaunch, sem os novos 52, bastasse a DC investir em bons escritores, editores e desenhistas. Histórias coesas de um Universo DC integrado e que conversasse entre ele como um todo. Tanto é, que os principais sucessos dos Novos 52 são de personagens que não tiveram suas histórias zeradas, ou seja, Aquaman, Lanterna Verde, esses dois pelas mãos do talentosíssimo Geoff Johns e Batman, sob a batuta do gênio louco Grant Morrison e Scott Snyder, interessante notar que os dois primeiros (Johns e Morrison) sempre foram contra o Relaunch, Snyder eu não sei, pretendo perguntar no Comic Com Experience.

 Mas Alê, você começou perguntando qual a verdadeira necessidade dos Novos 52, e ainda não respondeu. A Verdadeira necessidade não há, essa é a verdade. Ele surgiu para fazer barulho e vender mais quadrinhos. Inicialmente, a DC se tornou relevante novamente, a fatia do bolo ficou igualada com a Marvel e muitas vezes ela até fica com uma fatia maior. Mas na verdade, verdade mesma, tanto em termos artísticos, financeiros, não havia a necessidade do Relaunch. O que havia, era a necessidade de melhorar a qualidade das histórias, para que elas se tornassem interessantes para quem lesse. E sinceramente, isso nem sempre vem acontecendo, com ou sem Relaunch.





Alexandre Araújo

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Vindo do Outro Lado



Olá, através deste texto pretendo passar uma mensagem de carinho e amor. Essa é uma história que presenciei e vivi. 
 Meu nome é Saulo e eu participei de varias épocas diferentes do seu mundo, passei por impérios e por castelos, quedas de dinastias e surgimento de novas ideias. Agora estou do outro lado zelando por aqueles que como eu, cometeram e cometem erros, mas estou aqui para tentar ajuda-los a sempre melhorar e seguir o caminho da evolução.

 Vou contar uma história sobre uma das minhas vidas passadas, em uma época de castelos, onde hoje se localiza a china. Eu era um trabalhador numa pequena vila que plantava arroz para sobreviver, assim como todas as vilas próximas. Plantávamos para podermos passar o inverno com comida em nossas barrigas. Nasci e cresci nessa vila a minha vida toda, mas sempre que podia andava nos arredores para descobrir terras, era minha escapada, meu tempo sozinho para pensar. 

 Mesmo jovem com meus 20 e poucos anos, já estava prometido para uma garota de minha vila, logo nos casaríamos e então não poderia ver o mundo, ver toda sua vastidão que eu queria desbravar, mesmo sabendo que a vida não era só aquele campo de arroz e aquela vila com as mesmas pessoas todo dia.

 Conforme foi chegando perto do casamento fui ficando aflito, procurei então um sábio que residia num templo próximo de nossa vila. O sábio sempre nos visitava quando tinha um tempo. Logo que o encontrei vomitei palavras para ele e rapidamente o monge levantou a mão fazendo um gesto para eu parar. Não disse nada, esperou eu me calar e me acalmar e então disse:

 "Porque a pressa meu amigo, acalme-se e vamos conversar, mas organize as ideias em sua cabeça. A melhor forma de organizar o pensamento é adotar o silencio como amiga e a paciência como mãe."

Dizendo isso ele se virou e saiu andando em direção da sala central do templo. Eu o segui até a sala cheia de velas e imagens de deuses.  Quando entrou fez um gesto para eu me sentar logo à frente do que seria o meio do templo, disse que eu deveria ficar ali o quanto tivesse vontade, mas que tentasse organizar os pensamentos através do silencio e da meditação interna. Depois disso se virou e foi embora para seguir seus afazeres.

 Sentei-me no centro e comecei a pensar porque tinha ido lá e qual era o meu problema realmente. Nesse primeiro dia me aguentei por apenas alguns minutos e fui embora. O velho monge estava na porta do templo e apenas me cumprimentou com uma balançada da cabeça. Fui embora para casa pensativo, mas sem respostas, então resolvi que voltaria todos os dias que pudesse para fazer o que o monge havia me instruído.

 Dia após dia eu ia até o templo e meditava em silencio. Todos os dias eu ficava mais tempo que o dia anterior. Ao final de um mês estava permanecendo em meditação uma hora sem perceber. Foi quando o monge chegou para mim e perguntou:

 "Jovem qual era mesmo seu problema naquele dia que chegou aflito e afobado?"

Eu vasculhei minha mente e percebi que já não lembrava mais algumas coisas que estava preocupado e sim o real problema que estava me atormentando.
O velho continuou:

 "Sei que vai se casar logo e está com medo, mas todas as coisas desconhecidas dão medo e mesmo assim, você deve seguir em frente para supera-los e viver uma vida plena."

 Naquele momento entendi o que o monge tentava me ensinar. Mesmo que meus problemas parecessem gigantes, o real problema se escondia atrás de outros que coloquei na frente sem perceber. Estava realmente com medo da vida a dois e me estabelecer em um único lugar, era assustador para mim que queria andar por ai e conhecer novos rostos, culturas e paisagens.
Perguntei, então, para o monge se poderia ajudar conversando comigo:

 "O senhor poderia me ajudar com esse medo? Está me consumindo por dentro e não me deixa pensar em outra coisa."

 "Jovem você deve seguir seu coração e tentar viver o que ele pede para você. Se deve ou não casar, não sou eu quem deve lhe dizer, mas siga seus instintos que eles o levarão onde deseja."

 Agradeci o monge pelas palavras e voltei para casa pensando como iria escutar meu coração e o que ele desejava. Passei a noite em claro e não conseguia decidir o que fazer.
Quando estava para raiar o novo dia, sai de casa e fui andar pelos arredores da vila. Quando o sol estava brilhando, soltando seus primeiros raios de luz, me deparei com uma mulher logo a frente de onde eu estava. Olhando para o horizonte e sendo banhada pelo sol da manha. Aproximei-me e percebi que era a mulher que eu deveria me casar. Cumprimentei-a  e começamos a conversar sobre o casamento e o porquê de nós estarmos ali.

 Descobri que como eu, ela gostava de andar e descobrir novos locais. Descobri que ela também estava com medo e não sabia como agir. Quando ela falou isso, abri um sorriso e falei que me sentia da mesma maneira. Quando o sol já estava alto e a conversa bastante longa, decidimos voltar para casa e tentar dormir um pouco. Naquele dia, depois de muito tempo, consegui dormir com um sorriso no rosto e muito feliz.

 No dia seguinte na primeira chance que tive, fui visitar o monge em seu templo para agradecer os conselhos e contar as novidades. Chegando lá, o monge, imediatamente ao me ver,  disse que eu tinha encontrado a solução do problema e que deveria seguir o que o coração estava mandando naquele momento. Agradeci por tudo e voltei para casa, juntei as poucas coisas que tinha e fui me encontrar com a mulher que deveria me casar. Resolvi propor uma fuga antes do casamento para ver até onde conseguíamos chegar longe de casa, ela aceitou, juntou suas coisas e partimos. Nessa fuga nos conhecemos e vimos que não estávamos mais com medo de ficar juntos, porque a companhia um do outro era muito gostosa. Após uma semana juntos e bem longe de tudo que conhecíamos, resolvemos voltar, casar-nos e morar em nossa vila, mas prometemos que sempre daríamos uma escapadinha para explorar lugares novos.

 O medo se foi, o casamento foi lindo, tivemos filhos e conhecemos, viajando com a família, muitas cidades. Eu nunca deixei de pensar no velho monge, e resolvi um dia visita-lo. Chegando ao templo não o encontrei e resolvi procura-lo mais. Outros monges disseram que ele havia falecido poucos dias antes, mas que tinha deixado uma carta para mim. Fiquei curioso, recebi a carta e logo abri para saber do que se tratava. A carta era pequena e simples com algumas linhas apenas.
Na carta estava escrito:

 "Meu jovem, como você, eu também tinha vontade de conhecer lugares e andar pela terra. Andei e percorri com a minha companheira muitos e muitos lugares. Ela faleceu quando eu estava fora de casa andando por ai. Voltei e me culpei por não estar lá para ser a ultima visão dela, então vim para cá como você com problemas procurando um conselho e aqui fiquei. Mesmo em meu leito de morte ainda me sinto culpado. Não repita os erros que eu cometi, esteja sempre presente para sua família.”

 Mostrei a carta para minha esposa e contei toda a história, prometendo não fazer nunca isso com ela. Alguns anos depois veio a falecer comigo ao seu lado e suas ultimas palavras foram:
-Assim como você me acompanhou nesse momento, eu vou acompanha-lo até estarmos juntos novamente.
Quando eu faleci, lá estava ela me esperando e até hoje permanecemos juntos.





Psicografado por Gabriel Crespi