quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Velha Nova Geração

 Refleti mais de uma vez ao cogitar lançar esse texto no blog, pois o público que mais atingimos é a geração mais nova, a famosa geração Y, logo as críticas seriam devastadoras, mas acredito que chegou a hora de comentar sobre o caso, ainda mais em época onde o iPhone 6, fotos de celebridades nuas vazadas e desafios do balde de gelo são as grandes notícias das últimas semanas.

 O que significa ser da Geração Y? Para nós membros desse novo e conceituado clube dos "Mil afazeres e nenhum bem feito" é simplesmente a evolução, a modernidade chegando a um novo patamar onde podemos alcançar e ter acesso a tantas coisas que nossos pais nem imaginavam ou sonhavam um dia atingir. Deveria ser quase impossível se imaginar na década de 70/80, que hoje em dia, nós jovens, estaríamos conversando com os nossos amigos através de um sistema invisível que conecta o mundo todo chamado internet dentro de um telefone portátil, que na verdade é um mini computador, possuindo sensibilidade ao toque em uma tela em vez de existir botões enquanto ouvimos uma música sem nenhuma fita cassete  e ainda lemos notícias em tempo real.....tudo isso no mesmo aparelho que cabe na sua mão.


 Já para nossos pais e avós, essa geração é uma fase perdida (infelizmente) com tanto potencial de crescer, pois além de amadurecermos mais tarde por causa de uma superproteção criada por eles mesmo e a falta de comprometimento que antigamente era tão martelada, a grande reclamação dos mais velhos é a nossa dificuldade de nos concentrarmos em algo sem estarmos inter-ligados com o mundo. Para eles pegamos tudo o que foi criado e jogamos no lixo junto com outros princípios que antigamente eram firmados em fogo e ferro.


 Isto acontece pela facilidade que criamos para ter acesso as coisas. O Bendito Google e o Santificado Wikipédia, por exemplo, são ferramentas que deixaram de nos apoiar, para agora nos sustentar. Deixamos de ir atrás das coisas, pois temos tudo em apenas um clic.
Uma pesquisa de colégio, na época de nossos pais, era feita em bibliotecas e duravam horas, dias e até semanas, por causa da dificuldade de se encontrar a informação dentro dos milhares de livros, coisa que hoje em dia se resume a minutos ou segundos nos primeiros três links que encontramos em qualquer busca. Sem mencionar o fato de que nada criamos mais e sim copiamos no famoso " ctrl +C e ctrl+ V ".

 Você já parou para pensar quantas vezes olhamos e "desbloqueamos" nossos smartphones por dia? Nem que seja pela coisa mais fútil! É inquestionável que criamos um vicio difícil de se quebrar e que possivelmente passaremos para as próximas gerações. Comemos digitando, assistimos televisão digitando e até na cama, antes de dormimos, estamos com os rostos iluminados pela luz do celular no meio da escuridão. 


 Mas quanto isso nos afeta? Será que prejudica? Acredito que terá as duas correntes, onde de um lado dirão que esse é o futuro da sociedade e que aos poucos estaremos cada vez mais conectados e assim teremos uma desenvoltura nunca alcançada antes, mas também vejo meu avô de oitenta anos que mal sabe receber ligações de seu iPhone e que deixa o telefone no silencioso sem querer todo dia, dizer que não precisamos de toda essa tecnologia, que na época dele as coisas eram bem mais simples e que viviam bem. Chega a ser cômico a indignação dele ao ver um carro ligar a ignição em um botão "power" em vez de girar a chave como ele fazia em seu velho fusca vinho.


 Para mim ambos os lados tem suas virtudes e falhas, apenas devemos encontrar um equilíbrio entre os dois. A tecnologia deve e irá evoluir ao longo dos anos, mas acredito que devemos também saber não ser dependentes e escravos dela. Precisamos, de certo modo, nos libertar um pouco deste mundo. 

 Chega a ser até irônico e paradoxal escrever isso em um blog, mas a verdade deve ser dita. E quem sabe, caso consigamos concluir esse tal equilíbrio, falaremos para nossos netos "Na minha época usávamos Whatsapp para nos comunicar o dia todo..." cheios de orgulho e eles nos olharão com aquelas feições de dó. As mesmas que fazemos ao ouvir as histórias sobre aquelas tais cartas escritas a mão que já ouvi dizer que existiram um dia...






                           André Bludeni

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