segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Banda Grand Bazaar e seu Mundo Balcânico

 Este será um relato muito mais pessoal do que uma análise de um tema ou crítica de notícia. Esta postagem será a explicação de uma experiência que tive. Logo, se não houver interesse, sugiro que parem de ler por enquanto. Ele será um pouco longo também.


 Foi em Maio que tive o primeiro contato com esse novo mundo. Era aniversário de um amigo meu, coisa simples, na área externa de seu prédio com pizza e uma surpresa prometida no final. Eu e minha namorada já esperávamos qualquer coisa, já que meu amigo Ricardo, sempre era conhecido por ser inusitado, principalmente em suas festas que eram sempre temáticas.

  Ano passado a festa foi em homenagem a cultura italiana, e neste ano, pasmem, era temática ao estilo cigano. A princípio minha reação foi de descaso e até preconceito, mas como era algo pequeno seria um pouco difícil fugir da comemoração balcânica sem ser visto.
  A banda que chegou foi a grande surpresa. Pareciam ser sete figuras tiradas de um desenho antigo da Hannah-Barbera bem no estilo Corrida Maluca. Todos usavam roupas que deveriam ser vindas do mais longínquo brechó ou tiradas do armário de seus avós junto com traças e naftalinas nos bolsos.
 Eram ternos listrados, pequenos ou muito grandes, cheios de remendos e claro, os famosos bigodes ao estilo dos anos 20 com chapéus mais caricatos possíveis. Esta era a banda Grand Bazaar.
 Ao olhar aquilo imaginei que meu amigo devia ter tomado mais doses do que deveria para contratar aqueles caras para tocar na sua festa de amigos e familiares, mas aos poucos fui descobrindo o verdadeiro motivo desta diferente escolha do que a "mesmisse" de um DJ qualquer.
 A música começou como um aviso do saxofone avisando aos convidados se aproximarem, uma melodia grave e melosa, mas em uma grande mudança aí que se começou o verdadeiro show. Era animada, cativante, dançante e viciante.
  Em um estilo do leste europeu, a Banda Grand Bazaar passou por tarantella, jazz manouche, klezmer, fanfarra e obviamente a música cigana. Aos poucos meu corpo já curtia e era envolvido pela música e me deparei, um pouco alto com as garrafas de bebidas que rolavam pela multidão, todos na festa pulando e dançando cada um no seu estilo. Todos estavam "hipnotizados" pela festa que durou em trono de uma hora e meia de pulos, gritos italianos e muita dança de todos os envolvidos.

Minha jornada continuou em Agosto, quando um amigo presente no aniversário me avisou de um novo show da banda e lançamento do primeiro EP. Como em Maio eu havia me surpreendido positivamente decidi acompanha-lo nesta nova festa, desta vez em local que não saberíamos como seria.
 Foi no Bixiga, em uma pequena casa chamada Mundo Pensante. Chegamos em torno das onze horas da noite imaginando que o local estaria levemente cheio, mas para a supresa de nós quatro ( eu, meu amigo, minha namorada e sua acompanhante) no local só havia nós e um DJ. O estilo musical era mais diferente do que eu havia presenciado no aniversário. O DJ Rica Amaral, um homem de dreadlocks grisalhos e em um estado zen, tocava e curtia músicas no estilo indiano, polonês e todas essas culturas orientais feitas para relaxa e meditar. Em sua mesa havia um estatueta da deusa Shiva que me fez perceber que mais uma vez eu não estava no meu estilo cotidiano.
 Com o tempo e muita cerveja, nós fomos curtindo o ambiente que foi lotando até não caber mais nenhuma alma viva para o grande show da noite. A Banda Grand Bazaar mais uma vez fez um excelente show em que todos dançaram sem parar.
 Desta vez o público era o mais alternativo possível. Havia de pessoas que estavam apenas para curtir o show, hippies que pareciam ter vindo de Woodstock diretamente para o Bixiga e pessoas no estilo hipster que dançavam sem parar. O show terminou com sua última música clássica onde todos, inclusive o pública dança com as mãos par cima, pulando e gritando o hino "Opa Cupa".
 Sai do local com o primeiro EP vendido (uma pechincha de dez reais) e uma dedicatória após uma conversa com Gabriel Milliet, o tocador de sax da banda que até pareceu estar surpreso por ter fãs vindos de outros lugares que não fossem de amigos e conhecidos. Ele lembrou-se do aniversário e relatou que a banda era recente ( cerca de um ano e meio) que todos os membros haviam outros projetos além da banda, mas que a coisa estava se tornando grande e eles curtindo.
 Este último Sábado, mais uma vez, estávamos presentes para ver a banda junto com mais quatro amigos curiosos por essas festas que estávamos indo frequentemente. Desta vez seria uma festa dentro de uma república para arrecadarem dinheiro para pagar as contas. Com tudo improvisado, mas muito bem feito, a Festa Vulcânica mais uma vez surpreendeu com um show dentro de uma garagem com, mais uma vez, todos os tipos de pessoas e até pequenas crianças que corriam, brincavam e dançavam com a música.
  A festa balcânica nos conquistou graças ao Grand Bazaar e pretendemos voltar mais vezes com mais novos amigos. Para os que tem preconceito ou viraram o nariz como eu, vale a pena passar em uma festa para quebrar a cara. É aceito todos os estilos de pessoas com todas as idades e assim conhecerá uma grande banda, com ótima música e que promete estourar nos cantos de São Paulo.


Aqui você encontra o EP deles na íntegra:


Grand Bazaar EP












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