Em maio de 2011 a DC lançava nos
Estados Unidos a saga Flashpoint, esse seria o seu Blockbuster de verão.
A sinopse de Flashpoint (ou Ponto
de Ignição como foi chamado do Brasil)é a seguinte,. Barry Allen (Flash) acorda
em seu escritório e descobre que as coisas estão diferentes: ele se vê sem seus
poderes, descobre que sua mãe ainda está viva, e que o mundo está em guerra.
Desnorteado, vai em busca da Liga da Justiça, mas fica surpreso ao descobrir
que eles não existem. Ao se perceber numa realidade paralela ele consegue
descobrir que Batman ainda existe e, então, parte em busca do amigo, tentando
conseguir ajuda, mas para sua surpresa ele não é Bruce Wayne. Barry também
descobre que o Professor "Zoom", vulgo "Flash Reverso",
estava envolvido em tudo e inicia-se assim a cruzada de Barry para tentar
retornar ao seu mundo ou, pelo menos, salvar este.
Mas qual a verdadeira importância
dessa saga que não fez dela mais um dos mega crossovers de verão, tão habituais
para DC e Marvel?
A diferença é que Flashpoint
serviu de base para o que veio a ser o Relaunch da DC, que na verdade, Dan
Didio (editor-chefe da DC), gostaria de ter feito após a saga Crise Final, mas
que foi adiado graças a Grant Morrison e Geoff Johns. A série que foca em um
presente alternativo dos personagens, tem como protagonista o Flash Barry
Allen, que retornara um pouco antes da Crise Final trazido, aliás pelo próprio
Geoff Johns. Flashpoint alardeava desde seu principio que as coisas não seriam as
mesmas, afinal o seu principal slogan era "Tudo Vai Mudar". E
realmente, ao final da série, em setembro de 2011 TUDO MUDOU, ou quase...
Uma coisa tem de ficar clara
desde o princípio, quadrinhos são um negócio, ou seja, a função deles é gerar
lucros. Ah! Mas eles são a 9ª arte! Dane-se ainda sendo arte eles tem de dar
dinheiro.
E é a partir disso que surge o
verdadeiro motivo para os Novos 52. A DC vinha há muitos anos perdendo espaço
de mercado para sua principal rival, a Marvel, sendo que o único personagem da
DC que era sucesso de vendas, sendo quase sempre a revista em quadrinhos mais
vendida nos Estados Unidos era o Batman de Grant Morrison, o que era curioso,
pois do TOP 10 de vendas ele normalmente ficava em 1º, e as outras nove
posições eram ocupadas pelos personagens da Marvel. Dessa forma, a DC (que para
quem não sabe, pertence a Warner Bros.) precisava se tornar relevante
novamente, ou seja, precisava fazer seus demais personagens venderem quadrinhos
também, e dessa forma recuperar um bom pedaço da fatia do bolo, que cada vez
mais ficava nas mãos da Marvel.
A saída encontrada para isso,
através da brilhante (só que não) mente de Dan Didio e Diane Nelson (presidente
da DC Entertainment – braço executivo da DC/Warner) foi que o Reboot de seus quadrinhos.
Pois para eles o verdadeiro motivo para as baixas vendas não tinha nada a ver
com a qualidade das histórias contadas, e sim porque o público não se
arriscaria a entrar no universo quadrinístico devido a dificuldade de anos de
cronologia. Então a proposta seria a seguinte: os míticos personagens da DC
seriam rejuvenescidos, suas histórias zeradas e eles seriam restabelecidos de
uma nova forma. Sendo que todos os personagens seriam tratados em seu início de
carreira. Até aí tudo bem, ousado pacas, mas seria interessante ver o Superman
jovem, solteiro e “aprendendo” a ser herói, ao invés do ícone que ele é. Saber
como se deu a formação da Liga da Justiça. Acompanhar Diana vindo para a terra
do patriarcado, o Flash ganhando e aprendendo a usar seus poderes. Aquaman
surgindo dos mares, Hal Jordan recebendo seu Anel Energético, Batman no começo
de carreira, antes dos Robins... OPA! ESPERA AÍ! Vamos revisar: Superman jovem
(OK!), Diana vindo para a terra do patriarcado (+ou- OK), o Flash ganhando e
aprendendo a usar seus poderes (+ou- OK também), Aquaman, Hal Jordan e Batman
no começo de carreiras (NÃO), todos já estavam estabelecidos, nada da
cronologia anterior desses três deveria ser desconsiderada. Poxa, mas o
problema não era a cronologia? Pois é, e eles conseguiram deixar as coisas
ainda MAIS COMPLICADAS. Afinal foi um reboot que valeu para alguns, mas que foi
mais ou menos para outros, e para Lanterna Verde e Batman, praticamente não
existiram.
Tentaram fazer explicações
toscas, de que tudo para os dois acontecera em cinco anos. Ou então que eram
vigilantes mais experientes. E daí, começou a acontecer o seguinte para os
leitores, tantos novos quanto os antigos. O que pode ser considerado ou não? A
bem da verdade, ninguém sabe dizer com certeza. Superman pode (ou não) ter
morrido e retornado. Bárbara Gordon (Batgirl) foi aleijada pelo Coringa e
recuperou o poder de andar em 3 anos. Em apenas 5 (CINCO) anos, Batman teve 4
(QUATRO) Robins, Dick Grayson o 1º, que virou Asa Noturna, foi Batman também
por um período, e voltou a ser Asa Noturna, e agora é agente secreto (mas isso
é assunto para outro post), Jason Todd o 2º, que foi morto pelo Coringa,
retornou, foi treinado por uma seita, e se tornou Capuz Vermelho, Tim Drake o
3º que descobriu a identidade do Batman, evoluir para Robin Vermelho e é líder
dos Novos Titãs (uma curiosidade e assunto para outro post futuro, eles são
Novos Titãs, sendo que nos Novos 52 não existiram os “velhos” Titãs), e
finalmente Damian Wayne o 4º Robin, que é o filho de Batman com Tália Al’Ghul,
um moleque de 12 anos, que teria sido concebido com Bruce já como Batman
(detalhe que ele teoricamente nesses novos 52 tem 10 anos de carreira). Tudo
bem são quadrinhos, a gente aceita que o cara pode voar, o outro recebeu um
anel energético, o outro pode falar com os peixes, etc. e tal. Mas algumas
coisas também já é forçar demais a amizade. É querer subestimar a inteligência
e a boa vontade do leitor.
Bom, mas continuando, afinal, o
título do post é uma pergunta e pretendo respondê-la.
Os Novos 52 não foram de todo o
mal, há a grande sacada do lançamento de 52 novos títulos, coisas muito boas,
coisas ruins também, mas ainda assim houve a ousadia de lançar um título sobre
guerra, sobre faroeste. Houve também, finalmente, a integração do universo
Wildstorm. Porém tudo isso poderia ter acontecido sem o Relaunch, sem os novos
52, bastasse a DC investir em bons escritores, editores e desenhistas.
Histórias coesas de um Universo DC integrado e que conversasse entre ele como
um todo. Tanto é, que os principais sucessos dos Novos 52 são de personagens
que não tiveram suas histórias zeradas, ou seja, Aquaman, Lanterna Verde, esses
dois pelas mãos do talentosíssimo Geoff Johns e Batman, sob a batuta do gênio
louco Grant Morrison e Scott Snyder, interessante notar que os dois primeiros
(Johns e Morrison) sempre foram contra o Relaunch, Snyder eu não sei, pretendo
perguntar no Comic Com Experience.
Mas Alê, você começou perguntando
qual a verdadeira necessidade dos Novos 52, e ainda não respondeu. A Verdadeira
necessidade não há, essa é a verdade. Ele surgiu para fazer barulho e vender
mais quadrinhos. Inicialmente, a DC se tornou relevante novamente, a fatia do
bolo ficou igualada com a Marvel e muitas vezes ela até fica com uma fatia
maior. Mas na verdade, verdade mesma, tanto em termos artísticos, financeiros,
não havia a necessidade do Relaunch. O que havia, era a necessidade de melhorar
a qualidade das histórias, para que elas se tornassem interessantes para quem
lesse. E sinceramente, isso nem sempre vem acontecendo, com ou sem Relaunch.
Alexandre Araújo



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