Antes de ser o Espetacular Homem-Aranha ele era apenas o
Pequeno Parker...
Com uma premissa simples, de
contar a história de Peter Parker antes de ser picado por uma aranha
radioativa, perder o Tio Ben, Gwen Stacy, ou seja, muito antes de saber de que
com grandes poderes vêm grandes responsabilidades, Vitor Cafaggi trouxe de 2008
a 2011 uma série de tiras muito bonitas, não só pela arte, mas também pelo
conteúdo das histórias que, diga-se de passagem, é muito melhor do que muitas
histórias e sagas que eram publicadas pela Marvel sobre o Homem-Aranha na época
e ainda hoje (sim “Um Novo Dia” e “Superior Homem-Aranha” eu estou olhando para
vocês).
Mas voltando ao Pequeno Parker,
Cafaggi começou publicando as tiras no Orkut, e depois devido ao grande sucesso
criou um blog (www.punyparker.blogspot.com),
onde as tiras eram publicadas semanalmente.
O traço e o espírito da história
emulam muito Calvin & Haroldo, Charlie Brown, além de ter uma pegada anos
80s que, aliás, segundo o autor são suas grandes referências.
Toda a saga, que tem 3
temporadas, presta uma grande homenagem a mitologia do Homem-Aranha, incluindo
as suas grandes sagas (Uniforme Negro, Saga dos Clones e Um Novo Dia), suas
parcerias (Tocha Humana, Demolidor, Homem de Gelo e Estrela de Fogo – da série
Homem-Aranha e seus fantásticos amigos) e também sua grande gama de
coadjuvantes (Tia May, Flash Thompson, Felícia Hardy, J.J. Jameson, Gwen Stacy,
etc.).
De todos os personagens da
mitologia aracnídea, dois tem um destaque maior. Tio Ben, que é a figura
paterna, o porto seguro de Peter, ou seja, aqui ele não é uma figura da memória
que fez Peter ganhar responsabilidades através do erro e da culpa pela morte,
Tio Ben, é o exemplo que molda o caráter do Pequeno Parker. A outra personagem
é Mary Jane, a menina ruiva, que é a grande musa inspiradora do Pequeno Parker,
é quem coloca cores no universo do menino, aliás, a poética de Cafaggi é belíssima
quanto a isso, pois coloca cores apenas nas histórias que contam com a presença
da pequena MJ. Mas continuando, Mary Jane é o 1º grande amor da vida do Pequeno
Parker e ele é o dela. O que é uma abordagem curiosa e até ousada, afinal na
mitologia oficial do Homem-Aranha, Gwen Stacy (que é pouco utilizada nas tiras
de Cafaggi) foi a 1ª namorada, e 1º grande amor de Peter, MJ era citada como a
sobrinha da vizinha de Peter, mas que teoricamente só teria tido alguma
importância na vida dele após o falecimento de Gwen. Mas na saga do Pequeno
Parker a dona do coração dele é MJ e isso inclusive funciona muito bem para
amarrar e dar um bom background para história de amor dos dois na cronologia
oficial aracnídea (ouviu Marvel?!?!) e assim entender e aceitar quem é MJ na
vida adulta de Parker, o envolvimento dos dois, o casamento (que agora não
existe mais, aff!) e realmente ver que ela é o grande amor de Peter, é a menina
que ele viu na infância, e perguntou para a Tia May se aquela era um anjo.
Algo muito interessante nas
tiras, é que apesar de ser baseada em um personagem estabelecido, tendo como
referências outras tiras e personagens, as histórias do Pequeno Parker são
extremamente originais, criativas e cativantes, que, como eu já disse, não
devem nada ao material publicado pela Marvel e, aliás, deveriam olhar com
carinho para o Pequeno Parker e colocá-lo como uma possibilidade de publicação
dentro da cronologia oficial do Homem-Aranha.
Uma coisa que chama muito atenção
foi a postura profissional do autor, que sempre se preocupou em respeitar os
prazos, e também, em lançar as tiras tanto em português, quanto inglês, o que
ampliou o seu público, além de disponibilizar as temporadas completas para
download, assim como papéis de paredes, papertoys e diversos materiais de
divulgação das tiras.
Vitor Cafaggi é o autor da tira
independente Valente que é publicada pelo O Globo, e agora chegou em formato
encadernado pela Panini, que também vale a pena conferir. Além de ser um dos
artistas que homenageou Maurício de Sousa no álbum MSP50 e em 2013, ao lado de
sua irmã Lu Cafaggi no belíssimo álbum Laços, contou uma história de Chico
Bento.
Quanto ao Pequeno Parker, eu só o
conheci exatamente na semana de lançamento da última tira, mas isso não fez com
que eu fosse menos fã. Foi uma pena que o Pequeno Parker durou somente 140
tiras, mas segundo o autor, ele sempre imaginou uma história auto contida, com
começo, meio e fim. E afinal, o fim do Pequeno Parker, torna-se o início do
Homem-Aranha. Vale muito a pena conferir.
Alexandre Araújo




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