A série Velozes e Furiosos começou como histórias de corridas de rua, sendo a cultura do "tunning" o foco, com muitas caras de mau envolvidas. Hoje o humor e a ação alternam-se em cenas cada vez mais estapafúrdias, tendo os carros como mero pano-de-fundo. A série tornou-se uma franquia de exageros, desenvergonhada e inverossímil, sendo este último capítulo a prova incontestável disto.
Cada sequência de Velozes e Furiosos 7 é pensada para explorar uma estética distinta. Há cenas no deserto, fechadas em interiores, em florestas, no topo de precipícios, no ar, essencialmente urbanas... cada uma com uma qualidade distinta. Em todas, o hiperbólico é a regra. Carros desafiam as leis da física, assim como os humanos as da biologia. Vin Diesel e seus companheiros saem ilesos de provações que transformariam em pasta qualquer pessoa. Nem uma gotinha de sangue escorre pelo nariz dos truculentos, garantindo a abrangência da classificação indicativa baixa e amplificando a diversão. As gargalhadas são garantidas, com sequências tão inventivas quanto ridiculamente irreais, banhadas a frases de efeito sem qualquer receio da breguice (Dwayne Johnson, um campeão do humor sarcástico).
Carros atravessam as três torres mais altas do mundo, carros e destroços são levantados pelas mõas dos "heróis", paraquedas são usados para aterrizar carros em montanhas geladas e Los Angeles é destruída por terroristas sem a menor intervenção do governo, apenas dos justiceiros das ruas. Realmente eles são os novos Avengers! Muito mais poderos, mal encarados e com frases de efeitos dignas de Melhor Oscar.
Obviamente o filme seria aquela tarde descartada de sua memória com apenas um monte de efeitos especiais, gostosas exibindo seus corpos em cenas de apelação pura, péssimas interpretações e um exagero evidente, mas daí vem o tocante final do sétimo capítulo, que homenageia o amigo Paul Walker, falecido em um irônico acidente de carro. A família do cinema, para Diesel, que tanto deve à franquia, estendeu-se para fora das telas e a conclusão tem grande dignidade nesse sentido. Cenas de ambos os atores ao longo da série são exibidos através de um monólogo ( pela primeira vez convincente) de Vin Diesel sobre a amizade de ambos dentro e fora das telas, chegando a tocar as emoções dos mais durões da sala de cinema. Essa emoção apenas se intensifica mais quando percebemos que na última cena do filme, temos um paul Walker computadorizado ( com muita perfeição) e não mais o ator que tinha seu certo carisma.
Ao sair da sala de cinema eu diria que foram duas horas jogadas no lixo, ainda mais para mim que nunca fui fã da série, mas ao analisar todos os pontos, Velozes e Furiosos está numa categoria acima de ação/ comédia, eles tem uma categoria própria que os fazem diferentes, mesmo com seus exageros, péssimos textos e atuações. Essa talvez seja a graça e infelizmente precisou que um dos atores morresse para eu perceber isso.
André Bludeni





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