Gosto de
basquete, muito mesmo. É o meu segundo esporte, atrás somente do futebol. Gosto
de jogar, de assistir, principalmente aos jogos da NBA. Acompanho basquete
desde pequeno, lembro-me do sensacional título brasileiro do Pan-Americano,
comandado por Ary Vidal, Oscar e Marcel (sempre gostei mais dele do que o
Oscar). Mas de moleque, o que mais me marcou no basquete foi uma camisa amarela
também, mas não a da seleção brasileira, na verdade ela não é amarela, ela é
dourada, para se mais exato ela é dourada e púrpura... Legendária! Lembro-me de
assistir ainda pela Bandeirantes com narração de Luciano do Valle (infelizmente
na década de 80 ainda não tinha tv a cabo ou internet) aos jogos desse time com
dois caras sensacionais James Worthy e Kareem Abdul-Jabar, e mais um terceiro,
esse um fora de série, um armador que fazia assistências com uma facilidade
impressionante, encontrando espaços onde pareciam não existir, parecia mágico,
até por isso o apelido Magic Johnson. Para quem não possa ter reconhecido
ainda, o time em questão é o Los Angeles Lakers. Era sensacional assistir aos
jogos desse time. Encantava mesmo.

Um adendo
interessante, e que era engraçado, que com o tempo percebi que só eu torcia
para ele, curiosamente no basquete se repetia com o meu time algo que acontecia
também com o meu time de futebol, ou seja, quem torce para ele somente torce
para ele, os demais são contra, não há espaço para uma leve simpatia. Assim
fazendo uma transferência simples, se o Knicks é o Flamengo da NBA, com
torcedores espalhados por todos os lugares, simpatizantes e tal. O Lakers é o
Corinthians, uma torcida forte, fanática, mas que só tem a sua torcida, ou
seja, ou alguém torce contra ou torce a favor. E para deixar as coisas ainda
mais parecidas, o principal rival do Lakers também veste verde. Poxa, quer
coisa melhor para se apaixonar definitivamente para um time? Ele é uma versão
do seu time de futebol em outro esporte. Simplesmente Perfeito! Lakers virou
segundo time mesmo, no quesito esporte ele só perde em importância para o
Corinthians. Tanto que os dois disputam para ver quem me estressa mais.
Bom, mas deixa
retomar o foco. Em 1992 o mundo da NBA foi sacudido, e principalmento os fãs do
Lakers tornavam-se órfãos de seu ídolo, seu franchise
player, Magic Johnson anunciava a aposentadoria, pois havia contraído o
vírus HIV. O fim de uma era!
Anos negros e
tensos, tendo de aturar Nick Van Excel, mais preocupado em ir para Cancun do
que ir para os playoffs. Mas em 1996 as coisas iriam mudar. Para ser mais
exato, no draft desse ano, o Charlotte Hornets faria a 13ª escolha, e seria
esse jogador que revolucionaria a história do Lakers. Seu nome: Kobe Bryant,
diretamente do High School americano, fã de Michael Jordan, mas principalmente
um declarado torcedor do Lakers, que também ficara devastado em 1992, e que
dizia para quem quisesse ouvir, que só interessava a ele jogar em LA. Pronto!
Uma nova era começava a ser escrita na história do Lakers.
Já na
temporada 1996/97, eu lembro de que a Sprite lançou umas latas estampada com os
jogadores da NBA, e eu comprei justamente a do Lakers que trazia a imagem do
Kobe, eu achei legal por ser do Lakers e tal, e também porque era do cara que
tinha ganhado o Concurso de enterradas daquela temporada.
Conforme o
tempo foi passando a importância de Kobe foi crescendo, e ele fazia também por
merecer. Como ignorar o All-Star Game da temporada 1997/98, quando ele foi
escolhido para o seu 1º jogo das estrelas no time titular (depois desse viriam
mais 17 escolhas, ou seja, fora na temporada como novato ele foi escolhido em
todas as outras, ficando de fora somente por lesões), e nesse mesmo jogo travou
uma disputa sensacional com o mito Michael Jordan, o que desencadeou de vez a
discussão se Kobe realmente é o “herdeiro do legado de Jordan”, eu já respondo:
Sim, ele é!

Surgiu a
parceria Kobe & Shaq, que ficou perfeita quando o Lakers anunciou como
técnico do time o Zen Master – Phil Jackson e seu triangulo. Pronto, finalmente
viriam os títulos, e logo de baciada, tricampeões, o tetra não veio por um
azar. O ano chave foi 2004. Lakers montou um supertime. Kobe, Shaq & Phil,
teriam a companhia de Karl Malone e Gary Payton, seria somente passar o tempo e
esperar a chegada do 4º anel. Ledo engano, o Lakers até chegou à final, mas foi
atropelado pelo Detroit. E depois, o desmanche e a hora da virada. Kobe &
Shaq não se suportavam, e em um golpe de Shaq ao melhor estilo ou Ele ou Eu, o
super-pivô foi surpreendido, a franquia preferiu Kobe, era a hora de ele sair
das sombras e se tornar o alpha dog
em L.A.
Finalmente o
Lakers tinha novamente um franchise
player, alguém que o time seria montado ao seu entorno. E foi o que
aconteceu, demorou um pouco, foi tenso, o próprio Kobe pensou em desistir,
pediu para ser trocado, mas o tempo valeu a pena. Durante esse período negro,
onde o Lakers ficou de fora de um playoff, e por duas temporadas não passou da
primeira rodada, Kobe mostrou toda a sua genialidade, carregou o time nas
costas, foi o líder de pontos durante as três temporadas, mas principalmente,
foi histórico ao fazer 81 pontos – 2ª maior pontuação de um jogador, atrás
apenas dos absurdos 100 pontos de Will Chamberlain – em 22 de janeiro de 2006
(o que eu considerei como um excelente presente de aniversário, hahaha).

Após o período negro Phil Jackson retornou, no
meio da mesma temporada chegou Pau Gasol. E daí as coisas começaram a andar, o
Lakers voltou para as finais, novamente contra o time de verde, derrota e
humilhação. Mas isso não se repetiria mais. Na temporada seguinte, venceu
Orlando e conseguiu o 4º anel. E no outro ano a desforra contra o time de
verde, vitória no jogo 7, foi épico, sensacional. Kobe conquistava o seu 5º
anel, superava Shaq, empatava com Magic e estava a um de Michael Jordan.
Porém o
basquete é tão irônico quanto o futebol. Após não conseguir novamente chegar
até as finais. Phil Jackson resolveu se aposentar. O Lakers apostou em um
treinador que até hoje eu não sei o porquê foi escolhido, Mike Brown, que levou
o time até os playoffs e nada mais. O Lakers montou novamente um supertime, com
Kobe, Nash, Artest (World Peace), Gasol e Howard. Lesões e principalmente a
cretinice de contratar como técnico Mike D’Antoni fizeram o time nem passar da
primeira rodada dos playoffs.
E agora após
essa longa introdução...
A última
temporada citada na “introdução” marca uma fase triste aos fãs do Lakers. É a
primeira contusão “fim de temporada” de Kobe Bryant, com o rompimento total do
tendão de Aquiles do pé direito. Para todos os críticos, não é uma contusão
somente de fim de temporada, mas também de fim de carreira, afinal é uma
contusão séria em um jogador de 34 anos. O próprio Kobe questionou, mas
mostrando uma superação fora do comum, ele voltou na temporada seguinte, em um
time desfigurado, com um Nash “baleado” e um Gasol irritado. Mas nem por isso
ele fez por menos, mostrou dedicação, entrega, liderança, que é um craque com
diferencial, e ao longo de 6 jogos ele foi pura dedicação, pena que o corpo não
auxiliou e ele quebrou o joelho esquerdo, pelo segundo ano consecutivo, uma
contusão de fim de temporada.
Mais uma vez o
retorno tão esperado, no começo de temporada, em um time ridículo, onde o
destaque é somente ele, e sua liderança, perseverança e genialidade. Ao longo
de uma temporada pífia do Lakers, Kobe foi a única coisa que realmente fez
valer a pena, com pontos altos como o jogo contra o Minnesota onde ele superou
Michael Jordan no número de pontos. Mas somente a genialidade não gerou os
frutos necessários, e ele lutou, se entregou, foi além do que muitos duvidavam,
e infelizmente, foi além do que seu corpo aguentava, e dessa vez, não foi a
perna esquerda que falhou com ele, foi a vez do ombro direito entrar em cena, e
ter todos os ligamentos rompidos. Pelo terceiro ano consecutivo o corpo de Kobe
lhe dá um aviso e termina com sua temporada. Mais uma vez surge o
questionamento: Fim de Temporada ou Fim de Carreira? Essa é uma pergunta que só
será respondida daqui há 9 meses. Como fã, sinceramente espero que não, pois um
gênio merece um final digno para sua história e não tão melancólico como vem
sendo.

Alexandre Araújo