sábado, 31 de janeiro de 2015

Criticando Cinema - O Conto da Princesa Kaguya

    Já faz tempo que o Estúdio Ghibli me encanta com suas animações magnificas, cheias de encanto, emoção e com um toque oriental único. Também já tem tempo que o folclore japonês é algo que me facína pelas suas mensagens tão significativas e cheias de discussões espirituais que devemos levar para a vida toda.


  Meu primeiro contato com Kaguya Hime, A Princesa da Lua, foi em uma coleção e Contos Japonesês que ganhei há mais de quinze anos e essa foi uma história que me encantou, além da tocante mensagem, mas pelo curioso desfecho que a lenda termina. Ao ver que um filme de uma das minhas histórias favoritas seria criado pelo meu estúdio favorito eu apostei em uma obra-prima certeira, e não me enganei.


  Isao Takahata, co-fundador do Estúdio Ghibli ao lado de Hayao Miyazaki, realiza em O Conto da Princesa Kaguya (Kaguyahime no Monogatari, 2013) mais uma joia da extensa lista de obras-primas da empresa.A magnífica animação foi criada através de técnicas convencionais. Tudo foi pintado e desenhado em papel e apenas pós-produzido em computadores. O resultado casa perfeitamente com a temática naturalista da história.


  A trama adapta uma antiga história japonesa, O Conto do Cortador de Bambu, ou A Princesa da Lua. Nela, um casal que vive na floresta descobre, dentro de um fluorescente broto de bambu, uma diminuta princesa. A menina se transforma em um bebê e logo em uma moça de beleza celestial. Seu pai adotivo, certo de que tal bênção precisa ser celebrada à altura, a leva à capital para ser cortejada e encontrar seu espaço entre a realeza. Mas o coração da "bambuzinho", como a chamam seus amigos da floresta, clama por outras coisas.


  Lindamente trabalhado, com belas canções e cheio das mensagens que nesses anos todos tornaram-se sinônimo de um dos maiores estúdios de animação do mundo, O Conto da Princesa Kaguya encanta a cada momento, seja no desenho de uma rã, no tombo de um bebê, no design dos personagens ou no mágico climax. Uma animação madura, que não se furta a tratar de sentimentos ou situações difíceis, mas o faz com a sensibilidade que só o Estúdio Ghibli é capaz. 


  Nesta época onde as animações tem como regra primordial o uso de computação gráfica e muita ação colorida para cativar os pequenos, O Conto da Princesa Kaguya segue o caminho oposto com traços a mão rústicos, com poucas cores e mensagens mais complexas. A esperança é que a Academia consiga enxergar tal maestria criada e premie o longa com o título de Melhor Animação de 2015 ao qual concorre junto com tantos outros desenhos da Disney e Dreamworks feitos para vender bonecos e camisetas.




André Bludeni

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