Ainda
era cedo mas o sol, por detrás das
nuvens, tentava sorrir, assim como Maya
que, apesar de nervosa pelo encontro com Jack, estava feliz pelo êxito no início de seu plano. Os olhos amendoados, antes claramente
preocupados, brilharam finalmente. Ela não se lembrava da última vez que teve aquela sensação. “Finalmente
vai dar certo”, pensou.
Apaixonada pelo esoterismo, ao se
deparar, na internet - outra paixão e também profissão -, com a história do tal
set de moedas não parou de procurá-las. Só uma, era apenas o que faltava para ela
ter certeza de que aquela magia era real. Não podia ser mentira, sua avó, certa vez, já havia lhe falado sobre elas. Mas Maya
queria ver para crer. Começou suas
buscas em sua própria cidade natal, Frederick, em
Maryland. Lá, encontrou a primeira parte do
artefato.
Encantou-se. Não parou desde então. Rodou o país, a América Central e
agora estava prestes a terminar sua missão.
O tempo úmido incomodava, o frio tomava conta dos corpos dos cavaleiros
da madrugada. A vida começava a
fervilhar e mais pessoas se juntavam aos cavaleiros. Homens e mulheres, todos
vestidos de acordo com a habitual melancolia trombavam-se na estação de metrô. O caos corria nas veias. O cinza da metrópole assumia não só os pulmões daqueles pobres coitados, mas também suas mentes. A vida fervilhava logo cedo e Maya mais ainda.
As enormes filas humanas faziam a estação parecer um formigueiro. Numa quarta-feira como outra
qualquer, a jovem seguia em sua jornada. O relógio marcava 6h30 mas ela tinha pressa. Abotoou seu tailleur,
colocou o sobretudo de veludo azul marinho e apressou-se.
Metrô, caminhada, uma parada para comprar seu chá predileto - um Twinings de laranja com canela - e logo ela
estava em casa. Ligou o computador, continuando sua pesquisa e tentando
finalizar o plano para burlar a segurança do museu e ajudar Jack Creed completar a missão. Foi quando o telefone tocou.
Uma voz rouca, porém firme falou, sem se identificar. Apesar de
tantos tempo sem ouvir aquela voz, Maya reconheceu a aspereza e rispidez no
primeiro instante.
Eleanor estava rondando e descobrira o plano de
Maya.
-
Maya, eu sei o que você está planejando e tenho uma oferta a fazer.
Você me entrega Jack Creed e eu te dou a última parte do artefato. Ela não está no museu, eu é que estou com ela. Quero por as mãos naquele idiota e estou disposta a fazer um
acordo com você. Me encontre hoje, às 22hs no Caneca de Prata.
A jovem, ainda pálida e trêmula, não teve forças para balbuciar uma palavra sequer. O Caneca
de Prata era um dos bares mais mal frequentados da cidade. Você poderia ser preso só por estar lá. Milhares de pensamentos passavam em sua mente, mas tudo o
que Maya conseguiu fazer foi desligar o telefone antes de desmaiar e cair no chão gelado de granito barato do apartamento recém alugado.
O barulho forte do corpo batendo no
chão, juntamente ao de um copo quebrando, não foi suficiente para acordar os vizinhos. Maya
despertou horas depois, ainda desnorteada e com um enorme corte no ombro.
Apesar da dor e confusão mental,
a jovem não hesitou. Ela não tinha escolha. Se recompôs e preparou-se para mais um encontro. Já eram nove horas da noite.
Depois de tanto tempo ela
finalmente reencontraria Eleanor. Infelizmente, só ela poderia ajudá-la.
Caroline Gelsi
Quer conferir os primeiros capítulos da série?
Capítulo 1 - Eleanor Reid
Capítulo 2 - Jack Creed
Capítulo 3 - Aquele-Que-Sabe
Quer conferir os primeiros capítulos da série?
Capítulo 1 - Eleanor Reid
Capítulo 2 - Jack Creed
Capítulo 3 - Aquele-Que-Sabe

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