sábado, 31 de janeiro de 2015

De Tudo Um Pouco - Fim da Temporada ou Fim da Carreira?

Gosto de basquete, muito mesmo. É o meu segundo esporte, atrás somente do futebol. Gosto de jogar, de assistir, principalmente aos jogos da NBA. Acompanho basquete desde pequeno, lembro-me do sensacional título brasileiro do Pan-Americano, comandado por Ary Vidal, Oscar e Marcel (sempre gostei mais dele do que o Oscar). Mas de moleque, o que mais me marcou no basquete foi uma camisa amarela também, mas não a da seleção brasileira, na verdade ela não é amarela, ela é dourada, para se mais exato ela é dourada e púrpura... Legendária! Lembro-me de assistir ainda pela Bandeirantes com narração de Luciano do Valle (infelizmente na década de 80 ainda não tinha tv a cabo ou internet) aos jogos desse time com dois caras sensacionais James Worthy e Kareem Abdul-Jabar, e mais um terceiro, esse um fora de série, um armador que fazia assistências com uma facilidade impressionante, encontrando espaços onde pareciam não existir, parecia mágico, até por isso o apelido Magic Johnson. Para quem não possa ter reconhecido ainda, o time em questão é o Los Angeles Lakers. Era sensacional assistir aos jogos desse time. Encantava mesmo.


Um adendo interessante, e que era engraçado, que com o tempo percebi que só eu torcia para ele, curiosamente no basquete se repetia com o meu time algo que acontecia também com o meu time de futebol, ou seja, quem torce para ele somente torce para ele, os demais são contra, não há espaço para uma leve simpatia. Assim fazendo uma transferência simples, se o Knicks é o Flamengo da NBA, com torcedores espalhados por todos os lugares, simpatizantes e tal. O Lakers é o Corinthians, uma torcida forte, fanática, mas que só tem a sua torcida, ou seja, ou alguém torce contra ou torce a favor. E para deixar as coisas ainda mais parecidas, o principal rival do Lakers também veste verde. Poxa, quer coisa melhor para se apaixonar definitivamente para um time? Ele é uma versão do seu time de futebol em outro esporte. Simplesmente Perfeito! Lakers virou segundo time mesmo, no quesito esporte ele só perde em importância para o Corinthians. Tanto que os dois disputam para ver quem me estressa mais.

Bom, mas deixa retomar o foco. Em 1992 o mundo da NBA foi sacudido, e principalmento os fãs do Lakers tornavam-se órfãos de seu ídolo, seu franchise player, Magic Johnson anunciava a aposentadoria, pois havia contraído o vírus HIV. O fim de uma era!

Anos negros e tensos, tendo de aturar Nick Van Excel, mais preocupado em ir para Cancun do que ir para os playoffs. Mas em 1996 as coisas iriam mudar. Para ser mais exato, no draft desse ano, o Charlotte Hornets faria a 13ª escolha, e seria esse jogador que revolucionaria a história do Lakers. Seu nome: Kobe Bryant, diretamente do High School americano, fã de Michael Jordan, mas principalmente um declarado torcedor do Lakers, que também ficara devastado em 1992, e que dizia para quem quisesse ouvir, que só interessava a ele jogar em LA. Pronto! Uma nova era começava a ser escrita na história do Lakers.


Já na temporada 1996/97, eu lembro de que a Sprite lançou umas latas estampada com os jogadores da NBA, e eu comprei justamente a do Lakers que trazia a imagem do Kobe, eu achei legal por ser do Lakers e tal, e também porque era do cara que tinha ganhado o Concurso de enterradas daquela temporada.


Conforme o tempo foi passando a importância de Kobe foi crescendo, e ele fazia também por merecer. Como ignorar o All-Star Game da temporada 1997/98, quando ele foi escolhido para o seu 1º jogo das estrelas no time titular (depois desse viriam mais 17 escolhas, ou seja, fora na temporada como novato ele foi escolhido em todas as outras, ficando de fora somente por lesões), e nesse mesmo jogo travou uma disputa sensacional com o mito Michael Jordan, o que desencadeou de vez a discussão se Kobe realmente é o “herdeiro do legado de Jordan”, eu já respondo: Sim, ele é!


Surgiu a parceria Kobe & Shaq, que ficou perfeita quando o Lakers anunciou como técnico do time o Zen Master – Phil Jackson e seu triangulo. Pronto, finalmente viriam os títulos, e logo de baciada, tricampeões, o tetra não veio por um azar. O ano chave foi 2004. Lakers montou um supertime. Kobe, Shaq & Phil, teriam a companhia de Karl Malone e Gary Payton, seria somente passar o tempo e esperar a chegada do 4º anel. Ledo engano, o Lakers até chegou à final, mas foi atropelado pelo Detroit. E depois, o desmanche e a hora da virada. Kobe & Shaq não se suportavam, e em um golpe de Shaq ao melhor estilo ou Ele ou Eu, o super-pivô foi surpreendido, a franquia preferiu Kobe, era a hora de ele sair das sombras e se tornar o alpha dog em L.A.

Finalmente o Lakers tinha novamente um franchise player, alguém que o time seria montado ao seu entorno. E foi o que aconteceu, demorou um pouco, foi tenso, o próprio Kobe pensou em desistir, pediu para ser trocado, mas o tempo valeu a pena. Durante esse período negro, onde o Lakers ficou de fora de um playoff, e por duas temporadas não passou da primeira rodada, Kobe mostrou toda a sua genialidade, carregou o time nas costas, foi o líder de pontos durante as três temporadas, mas principalmente, foi histórico ao fazer 81 pontos – 2ª maior pontuação de um jogador, atrás apenas dos absurdos 100 pontos de Will Chamberlain – em 22 de janeiro de 2006 (o que eu considerei como um excelente presente de aniversário, hahaha).


 Após o período negro Phil Jackson retornou, no meio da mesma temporada chegou Pau Gasol. E daí as coisas começaram a andar, o Lakers voltou para as finais, novamente contra o time de verde, derrota e humilhação. Mas isso não se repetiria mais. Na temporada seguinte, venceu Orlando e conseguiu o 4º anel. E no outro ano a desforra contra o time de verde, vitória no jogo 7, foi épico, sensacional. Kobe conquistava o seu 5º anel, superava Shaq, empatava com Magic e estava a um de Michael Jordan.


Porém o basquete é tão irônico quanto o futebol. Após não conseguir novamente chegar até as finais. Phil Jackson resolveu se aposentar. O Lakers apostou em um treinador que até hoje eu não sei o porquê foi escolhido, Mike Brown, que levou o time até os playoffs e nada mais. O Lakers montou novamente um supertime, com Kobe, Nash, Artest (World Peace), Gasol e Howard. Lesões e principalmente a cretinice de contratar como técnico Mike D’Antoni fizeram o time nem passar da primeira rodada dos playoffs.

E agora após essa longa introdução...

A última temporada citada na “introdução” marca uma fase triste aos fãs do Lakers. É a primeira contusão “fim de temporada” de Kobe Bryant, com o rompimento total do tendão de Aquiles do pé direito. Para todos os críticos, não é uma contusão somente de fim de temporada, mas também de fim de carreira, afinal é uma contusão séria em um jogador de 34 anos. O próprio Kobe questionou, mas mostrando uma superação fora do comum, ele voltou na temporada seguinte, em um time desfigurado, com um Nash “baleado” e um Gasol irritado. Mas nem por isso ele fez por menos, mostrou dedicação, entrega, liderança, que é um craque com diferencial, e ao longo de 6 jogos ele foi pura dedicação, pena que o corpo não auxiliou e ele quebrou o joelho esquerdo, pelo segundo ano consecutivo, uma contusão de fim de temporada.

Mais uma vez o retorno tão esperado, no começo de temporada, em um time ridículo, onde o destaque é somente ele, e sua liderança, perseverança e genialidade. Ao longo de uma temporada pífia do Lakers, Kobe foi a única coisa que realmente fez valer a pena, com pontos altos como o jogo contra o Minnesota onde ele superou Michael Jordan no número de pontos. Mas somente a genialidade não gerou os frutos necessários, e ele lutou, se entregou, foi além do que muitos duvidavam, e infelizmente, foi além do que seu corpo aguentava, e dessa vez, não foi a perna esquerda que falhou com ele, foi a vez do ombro direito entrar em cena, e ter todos os ligamentos rompidos. Pelo terceiro ano consecutivo o corpo de Kobe lhe dá um aviso e termina com sua temporada. Mais uma vez surge o questionamento: Fim de Temporada ou Fim de Carreira? Essa é uma pergunta que só será respondida daqui há 9 meses. Como fã, sinceramente espero que não, pois um gênio merece um final digno para sua história e não tão melancólico como vem sendo.



Alexandre Araújo

Nenhum comentário:

Postar um comentário